Um dos homens fortes do governo Temer, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB-RS), é apontado como operador dos repasses da Odebrecht ao presidente, segundo informações da delação de Cláudio Melo Filho, ex-vice-presidente de Relações Institucionais da empreiteira, obtidas pela Revista Veja e publicadas em reportagem na noite desta sexta-feira (9).
Segundo Melo Filho, além de Padilha, Moreira Franco, secretário executivo do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), também era usado por ele para fazer chegar os pleitos da empresa a Temer. Mas ele afirmou que, no caso dos pagamentos feitos ao presidente, o procedimento era operacionalizado por meio do peemedebista do Rio Grande do Sul.
Em um dos trechos de sua delação, o ex-executivo da Odebrecht diz que “sempre soube” que Eliseu Padilha representava a figura política de Temer e que, por isso, resolveu manter contato permanente com ele. Essa relação inclusive chegou a ser comercial, pois quando o atual ministro inaugurou seu escritório de advocacia em Porto Alegre, teria pedido para que a firma fosse indicada para prestar serviços a empreiteira. Neste mesmo escritório, segundo Melo Filho, foi feito o repasse de parte dos R$ 10 milhões que foram solicitados por Temer ao presidente da empresa, Marcelo Odebrecht, em um jantar no Palácio do Jaburu (residência do vice-presidente), em maio de 2014.
Dos R$ 4 milhões entregues a Padilha no escritório, o delator aponta que R$ 1 milhão foi repassado ao agora -ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está preso pela Lava Jato em Curitiba, e o restante entregue a José Yunes, um dos conselheiros mais próximos de Temer. Segundo informações da delação obtidas pela Veja e o BuzzFeed News, os outros R$ 6 milhões foram destinados à campanha de Paulo Skaf, candidato peemedebista ao governo de São Paulo em 2014.
Outro lado
Eliseu Padilha divulgou nota em que se defende das acusações. “Não fui candidato em 2014! Nunca tratei de arrecadação para deputados ou para quem quer que seja. A acusação é uma mentira! Tenho certeza que no final isto restará comprovado”, afirmou o ministro.
Moreira Franco, secretário executivo do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), também divulgou negou as acusações feitas por Claudio Melo Filho. “É mentira. Reitero que jamais falei de política ou de recursos para o PMDB com o senhor Claudio Melo Filho”, disse em nota.
O Planalto divulgou uma nota para rechaçar as informações da delação: “O presidente Michel Temer repudia com veemência as falsas acusações do senhor Cláudio Melo Filho”, diz a nota. “As doações feitas pela Construtora Odebrecht ao PMDB foram todas por transferência bancária e declaradas ao TSE. Não houve caixa 2, nem entrega em dinheiro a pedido do presidente”, completa.
O senador Renan Calheiros (PMDB- AL) afirmou que “jamais credenciou, autorizou ou consentiu que terceiros falassem em seu nome em qualquer circunstância”. Ele disse também a “chance de se encontrar irregularidades em suas contas pessoais ou eleitorais é zero”. O senador ressaltou ainda que suas contas já são investigadas há 9 ano e que não se produziu uma prova contra ele.
Já o senador Romero Jucá (PMDB-RR) afirmou que desconhece a delação de Claudio Melo Filho e negou que recebesse recursos para o PMDB. O senador também esclareceu que todos os recursos da empresa ao partido foram legais e que ele, na condição de líder do governo, sempre tratou com várias empresas, mas em relação à articulação de projetos que tramitavam no Senado. O senador reiterou que está à disposição da justiça para prestar quaisquer esclarecimentos.
E o senador José Agripino (DEM-RN) disse que não foi candidato em 2014 e que desconhece e repele os fatos citados.
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