Heinz: setenta anos em 2012.| Foto: Áurea Cunha/ Gazeta do Povo

Pela primeira vez em quase duas décadas, dois conselheiros do Tribunal de Contas (TC) votaram pela desaprovação das contas de um governador. Os conselheiros Heinz Herwig e Jaime Lechinski votaram contra a aprovação das contas de Roberto Requião referentes a 2009. O último voto contrário à aprovação tinha ocorrido na apreciação das contas de 1993, quando o conselheiro Cândido Martins de Oliveira julgou as contas do primeiro mandato de Roberto Requião.

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Herwig disse, na justificativa de seu voto, que vários pontos problemáticos já haviam aparecido em anos anteriores. "Fizemos ressalvas. Mas os problemas não foram resolvidos. Depois fizemos recomendações. Passamos a fazer determinações. Mas ainda não houve solução", disse o conselheiro. Herwig afirmou que, caso o tribunal não votasse pela desaprovação, corria o risco de suas decisões perderem credibilidade e impedirem, mais tarde, que o TC cobre de outras órgãos públicos respeito por suas determinações.

O único a votar junto com Herwig, seguindo recomendação do Ministério Público de Contas, foi Jaime Lechinski. Auditor do tribunal, Lechinski ocupa interinamente a vaga do conselheiro Maurício Requião, cuja nomeação para o Tribunal de Contas está sendo discutida na Justiça.

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Os outros quatro conselheiros que votaram, no entanto, apresentaram diversos argumentos contra a desaprovação. Artagão de Mattos Leão, por exemplo, afirmou que o tribunal encontra problemas bem mais graves em contas de outros órgãos e não há a desaprovação. "Agora vamos reprovar as contas do governo?", questionou.

O relator das contas, Fernando Guimarães, sugeriu ainda a abertura de um processo para aplicação de multa ao ex-governador Roberto Requião. Dois outros funcionários também fariam parte do processo: o secretário de Estado da Fazenda, Heron Arzua, e o ex-secretário de Controle Interno, Antônio Mello Viana.

A multa, de acordo com a Lei 10.028, seria devido a um erro formal nas contas, já que o representante do controle interno não assinou o relatório anual do governo enviado ao tribunal. Se fosse aprovada, cada um teria de pagar 30% de seus vencimentos anuais na função pública. No entanto, Guimarães perdeu a votação por cinco a um.

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A aprovação de contas com ressalvas estimula o governo a persistir em práticas desaconselhadas pelo TC?

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