O presidente em exercício Michel Temer (PMDB) vai fazer uma “prestação de contas” ao país e revelar como encontrou a situação do governo, principalmente na economia. Em café da manhã com senadores, na quarta-feira (18), Temer foi aconselhado a “abrir a caixa-preta” da administração de Dilma Rousseff e disse que, quando tiver os números exatos do rombo nas contas públicas, irá divulgá-los à sociedade. Pelas estimativas de sua equipe, o buraco ultrapassa a casa dos R$ 150 bilhões. A estratégia é mostrar para a população a “herança maldita” recebida da gestão Dilma e, assim, conseguir apoio popular para aprovar no Congresso as medidas impopulares que pretende implantar para recuperar a economia.
Temer pediu para sua equipe um inventário dos rombos nos orçamentos, em programas contratados e alguns não realizados, além de outros tipos de desmandos ocorridos nos diferentes ministérios com os quais se deparou ao chegar ao Palácio do Planalto.
Com os dados em mãos, ele quer denunciá-los à população em um comunicado à nação, que não sabe ainda como nem quando será transmitido. Nesse pronunciamento, Temer apresentaria os principais problemas encontrados. Temer, que ainda discute o formato que usará para apontar os malfeitos, não quer fazer pronunciamento e prefere anunciar o fato em uma entrevista ou comunicado à imprensa, pelas redes sociais ou de alguma outra forma a ser definida. Apesar de não ter data, ele foi aconselhado a fazer isso ainda nesta semana.
O mote do comunicado deve ser de que Dilma deixou o país em sua maior crise econômica da história. A avaliação nos corredores do Planalto é de que será preciso dizer o mais rapidamente à sociedade que as medidas amargas são necessárias. E que, é claro, a culpa é do governo do PT.
“A gente já sabe que o déficit é maior do que o que está lá. O governo anterior também sabia” afirmou o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. A previsão de déficit para 2016, deixada pela gestão Dilma, foi de R$ 96,6 bilhões – ante os R$ 150 bilhões que seriam o real tamanho do rombo. Padilha chegou a dizer que a situação econômica é tão difícil que, se o governo não tomar medidas com urgência, pode não conseguir pagar nem mesmo os salários dos servidores públicos. O “buraco”, segundo ele, também atinge a área social.
Sem verba de publicidade
Um dos problemas para Temer comunicar-se com a população será que todo o orçamento do setor para este ano já foi consumido por Dilma, segundo aliados do novo presidente. A Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) tinha disponível para este ano R$ 152 milhões. Todos os contratos da Secom estão sendo reavaliados. Blogueiros e sites alinhados com o PT vão deixar de receber repasses.
O peemedebista solicitou a todos os ministérios o envio de seus respectivos planos de mídia, que sofrerão um pente-fino com a intenção de cortar ou suspender patrocínios que não sejam considerados estratégicos para a máquina federal ou não estejam ligados a campanhas emergenciais de interesse nacional.
Resistência
No Palácio da Alvorada – transformado em quartel general da resistência ao impeachment –, Dilma tem uma equipe que prepara respostas para se contrapor a Temer. Dilma vai criar um site próprio e cada vez mais usar as redes sociais para defender o seu mandato.
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