A América do Sul concordou no sábado em acelerar a unidade regional ao final de uma reunião de cúpula de presidentes realizada na Bolívia, com o presidente brasileiro afirmando que esta é a única saída para o continente.
Na 2a Cúpula da Comunidade Sul-Americana de Nações, a discussão sobre a proposta para unir a Comunidade Andina de Nações (CAN) e o Mercosul se estendeu além do previsto, com alguns qualificando esses acordos comerciais como a pedra fundamental da união continental, e outros os criticando.
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, tentou elevar o ânimo de seus colegas, que pouco antes haviam desfiado um rosário de críticas pela falta de um projeto que acabe com anos de injustiças sociais.
``Estou convencido e tenho certeza de que não há saída individual para nenhum país da América do Sul, para nenhum país da América Latina: ou nos sentamos e fazemos a integração, ou não teremos muitas possibilidades'', disse Lula na cerimônia de encerramento da reunião.
Lula reconheceu que os países da região têm muitas divergências, mas também muitas convergências que os ajudariam a se integrarem em um tempo mais curto do que os 50 anos que a União Européia levou.
``De vez em quando sou eu quem me sinto angustiado, quem critica tudo, que digo que não vou mais participar das reuniões, mas não tenho o direito, como presidente de um país, de faltar a uma reunião'', observou Lula.
A cúpula congregou em Cochabamba a todos os presidentes do continente, com exceção do presidente do Equador, Alfredo Palácio (que está em fim de mandato), do colombiano Álvaro Uribe e do argentino Néstor Kirchner.
A governante do Chile, Michelle Bachelet, ressaltou a ''angústia construtiva'' que o encontro proporcionou. ``Não se deveria ficar com a sensação de um clima depressivo, mas pelo contrário, de um clima positivo, de vontade de avançar mais rapidamente.''
No final, pode-se ouvir um comentário positivo até mesmo do presidente venezuelano, Hugo Chávez, até então pessimista. ''Estou me somando ao otimismo que Lula expressa. Creio que as críticas são, como disse Michelle, uma angústia positiva. Creio que todos estamos aspirando com paixão a esta integração'', disse.
América do Sul precisa de "viagra político"
O anfitrião do encontro, o presidente boliviano Evo Morales, iniciou a sessão com um convite para que os países que integram os dois blocos formem um único bloco -com um recado direto para Chávez, que este ano se integrou ao Mercosul e deixou a CAN.
``Quero aproveitar esta oportunidade para convidar e convocar o companheiro Hugo Chávez a retornar à CAN sem abandonar o Mercosul'', disse Morales, depois de anunciar que a Bolívia entrará no Mercosul sem deixar a CAN.
A CAN é formada pela Bolívia, Colômbia, Equador e Peru; o Mercado Comum do Sul (Mercosul) agrupa Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela.
Chávez respondeu: ``Creio que a CAN, com todo o respeito, não serve. E creio que o Mercosul tampouco. Não são instrumentos adequados para a era que estamos vivendo, são instrumentos para a elite.''
``Estamos vivendo no momento o mal da impotência, da impotência política, necessitamos de Viagra político; Lula, você que faz tanta coisa no Brasil, vamos ver se fazemos um Viagra político'', disse Chávez.
O Brasil convocou uma reunião dos presidentes para o ano que vem, em Caracas, a fim de discutir políticas de energia. Os mandatários concordaram em declarar Cochabamba como sede do Parlamento Sul-Americano.
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