Citado em reportagem da revista "Época" deste fim de semana como um dos novos envolvidos no escândalo do mensalão, o deputado Vicentinho (PT-SP) divulgou nota nesta segunda-feira (4) na qual nega ter sido beneficiado pelo suposto esquema de compra de apoio político ao governo no Congresso.
Trechos do relatório final da Polícia Federal sobre o mensalão divulgados pela reportagem afirmam que o procurador Nélio José Batista Costa recebeu depósito de R$ 17 mil, no dia 9 de agosto de 2004, da empresa Estratégia Marketing, de propriedade do publicitário Marcos Valério, apontado como operador do chamado "valerioduto", que seria abastecido por dinheiro público.
À PF, segundo a revista, o procurador teria dito que os recursos se referiam a serviços prestados à campanha de Vicentinho à Prefeitura de São Bernardo do Campo.
Na nota divulgada nesta tarde, Vicentinho diz ter sido surpreendido pela reportagem da revista, declara que a agência de publicidade, de fato, foi contratada para atuar em sua campanha, mas afirma que o responsável pela contratação foi o então tesoureiro do PT, Delúbio Soares.
Vicentinho diz no texto que não sabia que a empresa contratada por Delúbio pertencia a Marcos Valério e que "jamais imaginou" que os fatos revelados envolvendo o publicitário pudessem acontecer.
"Em 2003 procurei o meu partido, na pessoa do Delúbio Soares, então tesoureiro do PT Nacional, para pedir apoio à minha candidatura a prefeito de São Bernardo do Campo. Em 2004, portanto antes da crise chamada mensalão, o Delúbio nos mandou uma agência de propaganda para fazer a minha campanha. A mesma que também atuou na campanha do companheiro Emídio de Souza, em Osasco. Este fato é de conhecimento público desde aquela época. Eu aceitei e agradeci com muita alegria a presença da agência e por essa importante colaboração do Partido dos Trabalhadores. Depois, soube que a empresa pertencia ao sr. Marcos Valério. Jamais imaginei que tudo isso poderia acontecer. Pois, se soubesse, nunca teria aceitado", diz Vicentinho na nota.
Ainda segundo a nota do deputado petista, se alguém recebeu dinheiro da empresa de Valério em nome da campanha de Vicentinho, ele não teve nenhum envolvimento na operação, uma vez que a empresa teria sido contratada pelo tesoureiro petista. "Não fui eu quem recebeu ou pagou."
Vicentinho afirma, no comunicado, que a PF cometeu "um erro grave" ao ter tomado o depoimento do procurador, mas não ter procurado o deputado do PT, ou um de seus assessores, para falar sobre o caso. O deputado petista alega que jamais conheceu o o procurador Nélio José Batista Costa, ouvido pela PF.
"Ao consultar os membros da coordenação daquela campanha na época, não somente eu, mas nenhum deles conheceu este senhor Nélio", registra a nota. "Considero um erro grave a Polícia Federal ter ouvido este sr. Nélio e em nenhum momento, durante sete anos, ter procurado a mim ou a minha assessoria para nos ouvir, pondo em riso a nossa história de vida de forma irresponsável", complementa o texto.
O deputado petista afirma estar "inteiramente à disposição" de qualquer instituição para dar esclarecimentos sobre o caso. Vicentinho manifesta ainda "inabalável fé" no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que também é citado na reportagem da revista.
Processo
O relatório da Polícia Federal foi entregue há um mês ao ministro Joaquim Barbosa, relator do caso do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF). As novas revelações se somam à ação penal que já corre no Supremo. Até o momento, o caso tem 38 réus.
Ainda não há data marcada para o julgamento do mensalão. O documento foi anexado ao processo e encaminhado ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que terá, agora, de apresentar seu parecer.
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