A crise política no Brasil e o impeachment de Dilma Rousseff têm dominado boa parte das discussões durante o encontro de parlamentares europeus e da América Latina que acontece nesta semana em Lisboa.
A cúpula EuroLat reúne mais de 120 parlamentares e é o primeiro grande evento internacional que acontece após o afastamento de Dilma.
Senadores brasileiros contrários ao impeachment – Roberto Requião (PMDB-PR), Lindbergh Farias (PT-RJ), Gleisi Hoffmann (PT-PR), Vanessa Grazziotin (PC do B-AM) e Lídice da Mata (PSB-BA) – viajaram a Portugal e têm aproveitado as reuniões multilaterais para questionar a legalidade do afastamento de Dilma Rousseff.
Nesta terça-feira (17), Requião iniciou seu discurso na sessão de abertura do evento afirmando que o Brasil está “em colapso”.
Em conversa com jornalistas, o senador afirmou que o afastamento da presidente sem dúvida constitui “um golpe”, criticou as medidas econômicas de Michel Temer, seu colega de partido, e defendeu eleições antecipadas.
“Eu sempre fui crítico das políticas econômicas de Dilma Rousseff. Mas você não muda uma proposta econômica sem eleições diretas e uma grande discussão nacional”, afirmou.
Requião afirma que a política econômica de Temer, de quem ele se declarou amigo pessoal, parece ser “um mau caminho”.
“Uma retração da economia tirou o apoio da presidente. O programa de seu vice, que por esse artifício assumiu o poder, é muito mais radical do ponto de vista do arroxo e do ajuste do que o da presidente Dilma”, considerou.
A senadora Vanessa Grazziotin afirmou que os parlamentares latino-americanos têm demonstrado apoio à Dilma Rousseff durante as reuniões laterais de discussão.
O também senador José Medeiros (PSD-MT), que junto com o deputado Hiran Gonçalves (PP-RR) aproveita a cúpula para defender o processo que levou à saída de Dilma, rebateu as declarações de Requião e Grazziotin.
“O Brasil não está em colapso, as instituições estão funcionando muito bem. Também não sei que apoio unânime dos países latino-americanos é esse que estão dizendo. Eu não vejo isso”, disse Medeiros.
Segundo o senador, os políticos ligados a posições bolivarianas são majoritariamente o grupo que apoia a tese de que o afastamento de Dilma não foi legítimo.
O deputado Hiran Gonçalves afirmou que o grupo de políticos favoráveis à Dilma Rousseff tentou fazer um aparelhamento do evento em Portugal e que, por isso, ele fez questão de participar da cúpula.
Governo português
O primeiro-ministro de Portugal, António Costa, ressaltou a ligação de seu país com o Brasil e com a América Latina, mas não comentou o impeachment.
António Costa afirmou que Portugal é uma “ponte entre a América Latina e a Europa” e exaltou a “vocação universalista” da política externa de seu país.
Embora a crise política no Brasil tenha ofuscado outros temas, o encontro entre parlamentares europeus e latino-americanos também tem outros pontos polêmicos, como a questão dos refugiados e os direitos humanos na Venezuela.
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