No segundo dia útil do ano, a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniram em Brasília. A reunião aconteceu no início da noite desta terça-feira (5) no Palácio da Alvorada.
O ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, e o presidente nacional do PT, Rui Falcão, também participaram do encontro, marcado de última hora, no início da tarde, e mantido em segredo. O chefe de gabinete da Presidência, Giles Azevedo, passou rapidamente pelo local da reunião.
Segundo interlocutores dos participantes, Dilma e Lula trocaram informações sobre o quadro político em geral e depois falaram sobre política econômica. Nas últimas semanas de 2015, tanto Lula quanto o PT cobraram medidas práticas por parte do novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, no sentido de sinalizar mudanças na política econômica para fazer um aceno à base petista, insatisfeita com as primeiras declarações de Barbosa à frente da pasta. Falcão publicou um texto no qual pede mais “ousadia” na economia em 2016.
Governo paralelo
Lula foi um dos principais entusiastas da substituição do ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy, a quem responsabilizava por fazer apenas acenos ao mercado. O ex-presidente defendia o nome de Henrique Meirelles para o posto, mas acabou concordando com a nomeação de Nelson Barbosa, até então ministro do Planejamento.
A cúpula do PT defende uma “guinada à esquerda” da política econômica de Dilma, com a redução dos juros e a ampliação de crédito para investimento, entre outras medidas. O partido, porém, reclama nos bastidores de estar sendo “enrolado” pela presidente. Os petistas acreditam que Dilma vai continuar à frente de uma política de aceno ao mercado.
O partido também é contra a reforma da Previdência proposta por Barbosa e defendida pelo governo.
Esta semana, a cúpula petista ficou irritada com a declaração de Jaques Wagner à Folha de S.Paulo sobre a adoção pelo partido de velhas práticas da política. Segundo o ministro, o PT “se lambuzou” ao reproduzir metodologias como o financiamento privado de campanhas eleitorais, o que irritou dirigentes do partido.