O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) enviou nova carta ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, neste sábado (15), e disse que as críticas do magistrado às campanhas promovidas por petistas para pagar as multas do mensalão o levam a crer que Mendes não julga com "base exclusivamente na razão". De acordo com o senador, caberia a Mendes uma "maior reserva" quando fosse comentar aspectos do mensalão, uma vez que ele foi um dos ministros responsáveis pela condenação dos acusados.
"Caberia a V. Exa. maior reserva (...) Quando V. Exa. questiona, sem qualquer prova material, a regularidade das doações a José Genoino, Delúbio Soares, José Dirceu, e João Paulo Cunha, passa-me o sentimento de que não julgou com base exclusivamente na razão", diz a carta.
A troca de correspondências entre Mendes e Suplicy teve início na semana passada depois do ministro ter levantado suspeitas de lavagem de dinheiro no sistema de arrecadação feito por petistas na internet. O senador enviou um ofício a Mendes criticando-o por levantar suspeitas sem apresentar provas e cobreando explicações sobre as acusações.
Nesta sexta (14), Mendes enviou carta a Suplicy dizendo que tal como a pena de prisão, a multa imposta pela Justiça é uma punição intransferível. Ele disse que campanhas para arrecadar dinheiro e pagar multas acabam por sabotar e ridicularizar as decisões judiciais. Mendes ainda sugeriu que Suplicy aproveitasse a experiência dos petistas promover campanhas de doações para tentar levantar "pelo menos parte dos R$ 100 milhões subtraídos dos cofres públicos" pelo mensalão.
Suplicy, no entanto, não responde Mendes em relação a esta sugestão e diz que o ministro deveria aproveitar o fato de ter sido empossado recentemente numa das cadeiras do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para "incentivar os formadores de opinião da sociedade" eleições limpas e com maior transparência no financiamento das candidaturas.
Multas
Dos petistas presos, até agora três lançaram campanhas de arrecadação. O primeiro foi José Genoino, que conseguiu obter cerca de R$ 700 mil para quitar sua multa de R$ 667 mil. O valor excedente foi enviado para Delúbio Soares, segundo a colocar um site de arrecadação no ar.
Ele conseguiu doações que somaram cerca de R$ 1 milhão - num único dia ele obteve R$ 600 mil. Como sua multa era de R$ 466 mil, ele doou o restante para o ex-deputado João Paulo Cunha (PT-SP).
O terceiro a lançar uma campanha de arrecadação foi Dirceu, na última quarta-feira. Até agora, segundo balanço divulgado no site, ele conseguiu R$ 301 mil para pagar sua multa de R$ 971 mil.
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