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O assessor de comunicação da Embraer, Daniel Bachmann, detalhou nesta quarta-feira à CPI do Apagão Aéreo na Câmara como foi o vôo do jato Legacy desde o choque, em setembro de 2006, com o avião da Gol até o pouso na Serra do Cachimbo, no Pará. Bachmann era um dos passageiros do jato, recém-adquirido na época pela empresa americana ExcelAire. A investigação do Senado considerou em relatório parcial os pilotos e os controladores culpados pelo choque.

No depoimento à Câmara, Bachmann afirmou que a primeira impressão dos tripulantes e passageiros no dia do acidente foi que a aeronave havia batido em uma ave ou balão meteorológico, mas as possibilidades foram descartadas pela altitude do vôo.

Após a avaria, a aeronave começou a tender o trajeto para a direita. Por isso, o piloto americano Joseph Lepore decidiu procurar um lugar para pousar. A partir de então, voaram por um grande trecho a aproximadamente 100 metros de altitude, com risco de chocar com as altas árvores da região, em busca de uma pista de pouso.

Foi Bachmann quem avistou uma pista à esquerda do avião, o que obrigou o piloto a uma série de manobras para que fosse possível pousar. Quando conseguiram, por volta das 17h20m, Bachmann foi chamado à cabine por ser o único passageiro que falava português. Só quando pousaram souberam que o local era uma base militar. Às 18h45m, foram informados pelos militares da base do desaparecimento do avião da Gol.

Nesta fase do depoimento, Bachmann se emocionou, e o presidente da CPI, deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), suspendeu a sessão por cinco minutos.

Pela manhã, o presidente da Associação de Pilotos e Proprietários de Aeronaves (Appa), George William César de Araripe Sucupira, afirmou à CPI que a atitude dos pilotos do jato contrariou qualquer tipo de regulamento da aviação. Sucupira disse que não houve respeito ao plano de vôo, que não foi colocado no controlador automático do avião. Ele ressaltou que qualquer mudança no plano de vôo aprovado só pode ser feita com autorização do controle de tráfego aéreo.

Na mesma sessão, o deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP), autor do requerimento de convocação de Sucupira, informou que pedirá também a convocação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, para explicar à CPI o motivo do contingenciamento de recursos para o sistema de controle de tráfego aéreo. Dos R$ 614 milhões solicitados para o setor de aviação para este ano, apenas R$ 75 milhões foram liberados pelo governo.

Na terça-feira, o presidente da Embraer, Frederico Fleury Curado, afirmou que não há nenhum indício de que tenha havido falha no transponder do jato , que é fabricado pela empresa. Ele informou que o Legacy possui um segundo transponder de segurança para o caso de o primeiro falhar e considerou "altamente improvável" o desligamento involuntário do equipamento.

Na sessão da manhã na Câmara, o presidente da Appa, George William Sucupira, disse que o setor de aviação já deveria ter começado a tomar providências para conter a crise aérea, uma vez que o Conselho de Aviação Civil (Conac) já trabalha com a perspectiva do aumento de tráfego há mais dez anos. Sucupira lembrou também que resoluções de 2003 do órgão para assegurar o desenvolvimento sustentável da aviação civil ainda não foram implantadas.

O deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), questionou Willian sobre as mudanças iniciadas com a criação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), em 2005. Segundo Sucupira, a Anac ainda aproveita muitas estruturas do Departamento de Aviação Civil (DAC) e não houve choque de gestão. Ele refutou a afirmação de que a Anac tenha tomado decisões equivocadas ao modificar a tabela de preço para licenciamento de aviões e pilotos. A tabela, disse, foi revisada pelo DAC antes da criação da agência.

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