Juntos, Gleisi e Requião receberam R$ 2,3 milhões
Os candidatos derrotados ao governo do Paraná Gleisi Hoffmann (PT) e Roberto Requião (PMDB) receberam juntos R$ 2,3 milhões das empresas Galvão Engenharia, OAS, Queiroz Galvão e UTC todas investigadas pela Operação Lava Jato. As doações foram feitas legalmente, de acordo com a legislação, e foram declaradas à Justiça Eleitoral.
A Queiroz Galvão doou, por meio da direção nacional do PT, R$ 475 mil a Gleisi. A petista recebeu ainda verbas da UTC (também por intermédio do partido) e doação direta da Galvão. No total, essas empresas repassaram R$ 1,84 milhão para a campanha da candidata.
A campanha de Requião recebeu verba de apenas das empresas investigadas. O grupo OAS repassou R$ 500 mil ao paranaense por meio de doações feitas para a campanha de Michel Temer, vice-presidente eleito.
Outro lado
Com exceção da empresa Camargo Correa, que não deu retorno à reportagem da Gazeta do Povo até o fechamento desta edição, as demais empreiteiras informaram que todas suas doações eleitorais foram realizadas dentro das formas previstas em lei. A Engevix acrescentou que prestará todos os esclarecimentos que forem solicitados por meio de seus advogados.A Odebrecht informou disse que "promove suas doações dentro de uma visão democrática e em respeito à Legislação brasileira, sem adotar posição partidária nem ideologia".
Em nota, Gleisi informou que "as doações para a campanha ao governo do estado do Paraná em 2014 constam da prestação de contas encaminhada à Justiça Eleitoral, conforme determinação da legislação em vigor". Por meio de sua assessoria, Requião disse que sua campanha nestas eleições para governador foi "modesta e com muita dificuldade", com arrecadação abaixo dos gastos . A assessoria destacou ainda que a doação da empreiteira OAS foi repassada à campanha pelo comitê de Michel Temer.
Empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato doaram legalmente R$ 3,8 milhões para 15 deputados estaduais e federais paranaenses eleitos em outubro.
O levantamento, feito pela Gazeta do Povo com base na prestação de contas dos candidatos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mostra que as empresas também contribuíram para as campanhas dos candidatos ao governo Gleisi Hoffmann (PT) e Roberto Requião (PMDB), somando R$ 2,3 milhões em doações para os dois.
O governador reeleito Beto Richa (PSDB) e o senador Alvaro Dias (PSDB) não receberam recursos das empreiteiras.
INFOGRÁFICO: Veja quais deputados receberam repasses
Entre os parlamentares, há doações tanto para partidos governistas quanto de oposição. Beneficiado com mais de R$ 1,1 milhão de doações da Galvão Engenharia, o deputado federal Nelson Meurer é o recordista em doações da Lava Jato entre os eleitos no estado. Meurer, que é presidente do PP do Paraná, havia sido citado nas investigações da Lava Jato numa possível ligação com o doleiro Alberto Yousseff. Ele nega.
Parte do montante doado pelas empreiteiras aos paranaenses foi viabilizada por meio de repasses aos diretórios nacionais dos partidos. Isso significa que o dinheiro foi disponibilizado pelas empresas para os comandos das siglas, que então encaminharam a doação aos candidatos.
Entre os deputados estaduais, seis deles receberam o dinheiro por meio da chamada "dobradinha" com outro candidato a federal. O caso aconteceu com Ademir Bier (PMDB), Dr. Batista (PMN), Evandro Junior (PSDB), Elio Rusch (DEM), Marcio Nunes (PR) e Palozi (PSC). Dois deputados federais foram os responsáveis pelas doações de recursos a esses candidatos: Ricardo Barros (PP) e Dilceu Sperafico (PP).
Ao todo, seis empresas investigadas pela Polícia Federal contribuíram para as campanhas paranaenses: Galvão Engenharia, Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão, Engevix e UTC.
A Lava Jato motivou até agora a prisão de 23 pessoas e foi desencadeada em março para desmontar um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões. Entre os presos da sétima fase da operação, deflagrada na semana passada, está o ex-diretor de serviços da Petrobras Renato Duque, acusado de ser operador do PT no esquema. Paulo Roberto Costa, ex-diretor de abastecimento da estatal, é acusado de ser o operador do PP no esquema.
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