O vice-presidente da Engevix Engenharia Gerson de Mello Almada revelou aos investigadores da Operação Lava Jato que encaminhou uma lista indicando políticos do PT para receberem doação da empresa ao lobista Milton Pascowitch, apontado como operador de propinas da empreiteira e que decidiu fazer acordo de delação premiada na Lava Jato. O empreiteiro, contudo, disse não se recordar se a doação aos políticos da sigla foi abatida das “comissões” que ele devia a Pascowitch.
“Que a lista refere-se a uma doação feita ao Partido dos Trabalhadores, tendo o declarante (Gerson Almada) nominado os candidatos que gostaria de verem beneficiados com parte dos recursos; que essa lista foi entregue a Milton Pascowitch, tratando-se a doação no valor de R$ 400 mil feita de forma espontânea”, relatou o executivo à Polícia Federal, em depoimento no dia 1º de abril de 2015.
Ele indicou ainda que o dinheiro foi repassado para as campanhas dos parlamentares Vicente Cândido, Maria do Rosário, “Mirian” (que o depoimento não identifica), os deputados estaduais do PT Rio Grande do Sul Altemir Tortelli, Marcos Daneluz e Nelsinho Metalúrgico, além dos irmãos Nilto Tatto e Enio Tatto, deputado federal e deputado estadual por São Paulo, respectivamente.
O depoimento não deixa claro em que ano foi feita as doações, mas todos os parlamentares citados conseguiram ser eleitos no ano passado.
Réu na Lava Jato acusado de integrar o núcleo empresarial que cartelizava as licitações da Petrobras e pagava propina para diretores da estatal indicados por partidos políticos, Gerson Almada decidiu colaborar espontaneamente com as investigações, mesmo sem ter firmado um acordo de colaboração premiada.
Acusado de operar pagamentos de propina para a empreiteira Engevix, Pascowitch é dono da Jamp Engenheiros e pagou R$ 400 mil do imóvel comprado por José Dirceu, onde funcionava a sede da empresa de consultoria do ex-ministro da Casa Civil (governo Lula), em São Paulo, a JD Assessoria e Consultoria Ltda.
Preso em abril na sede de Polícia Federal, em Curitiba (PR), base da Lava Jato, Pascowitch tem vínculos apontados nos autos da Lava Jato com o PT e o esquema de propinas na Petrobras por intermédio do ex-diretor de Serviços Renato Duque e o ex-gerente de Engenharia Pedro Barusco. O lobista decidiu colaborar com as investigações e firmar um acordo de delação premiada em junho. Com isso, ele deixou a prisão e passou a utilizar tornozeleira eletrônica.
Investigadores acreditam que Pascowitch pode colaborar com as novas frentes de apuração, em especial na área de navios e sondas do pré-sal e também os esquemas de consultorias de ex-políticos e agentes públicos, como José Dirceu e Renato Duque.