A Fundação José Sarney recebeu R$ 300 mil em 2007 de uma empresa de fachada que representa duas offshores (firmas no exterior), com sedes na Inglaterra e no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas. As informações foram publicadas neste sábado (15) pelo jornal "Folha de São Paulo".
A empresa de fachada é a KKW do Brasil, que pertenceria ao ex-senador Gilberto Miranda, afilhado de José Sarney, segundo o jornal.
Em 2007, a empresa teria sido a maior fonte de recursos da Fundação José Sarney, da qual o presidente do Senado é presidente vitalício. Os repasses de dinheiro teriam sido registrados como doações na contabilidade da instituição, com sede em São Luís, segundo o jornal.
A KKW teria capital social de R$ 80 milhões, mas não tem site e o endereço da sede e os telefones correspondem aos da casa e do escritório de Miranda, em São Paulo. Conforme o jornal, seria um indício de que a Fundação José Sarney recebeu recursos do exterior.
Apesar de fazer doações à fundação, a empresa não consta no registro de patrocínio ou de apoio nos eventos promovidos pela entidade. Por isso, de acordo com o jornal, a doação é alvo de investigação do Ministério Público do Maranhão, que já reprovou as contas da Fundação e poderá intervir na sua administração.
Relações
Segundo o jornal, a KKW do Brasil consta como uma holding no registro da Junta Comercial de São Paulo. A empresa pertenceria a duas offshores : a KKW Venture Capital Investment Co., com sede em Londres, e a Tugela Worldwide Corporation, registrada em uma caixa postal em Road Town, capital das Ilhas Virgens.
Miranda teria vários elos com a KKW do Brasil, de acordo com o jornal. Além da coincidência do endereço e do telefone, a ex-mulher dele, Analícia Scarpa, foi diretora da empresa de outubro de 2008 a maio de 2009. Ele também teria sido dono da Bougainville Participações e Empreendimentos, que teria fundado a KKW do Brasil.
Miranda negou qualquer relação com a KKW, mas depois mudou a versão e informou que já foi dono da empresa e a repassou para o nome das filhas, atuais proprietárias, como uma herança em vida.
Outro lado
A KKW do Brasil teria feito a doação de R$ 300 mil à Fundação José Sarney porque a entidade "tem boa índole e atende zilhões de crianças", afirmou Renato Brito, da direção jurídica da empresa, ao jornal. Brito negou a ligação do ex-senador Gilberto Miranda com a KKW e ressaltou que a empresa pertence às filhas de Miranda.
Ex-mulher de Miranda e ex-diretora da KKW, Analícia Scarpa também não quis falar sobre a empresa.
A diretoria da Fundação José Sarney não respondeu ao pedido de entrevista.
O presidente do Senado, José Sarney, afirmou que não tem responsabilidade na fundação criada por ele, segundo o jornal.
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