Algumas empresas adotaram a estratégia de doar dinheiro a vários políticos. A Ouro Verde Transporte e Locação, por exemplo, doou R$ 19,9 mil para 13 eleitos, que receberam entre R$ 500 e R$ 8 mil cada um. Entre os beneficiados estão cinco dos sete componentes da Mesa Executiva da Câmara. Oito partidos foram beneficiados pela empresa, que tem contrato com a Câmara cada vereador dispõe de um veículo locado pela Ouro Verde.
O presidente da Câmara, João Cláudio Derosso (PSDB), explica que a empresa venceu licitação contra duas concorrentes, e que o contrato termina em dois anos. Segundo ele, as empresas decidem financiar vários candidatos pela amizade, e o fato de que nem só eleitos receberam recursos seria a prova de que não existe lobby. A Ouro Verde, por exemplo, doou R$ 10,4 mil para outros dez candidatos que não foram eleitos, dos quais sete tentavam a reeleição. A empresa informou, na quinta-feira passada, que seu proprietário só poderia dar entrevista hoje.
A Editora Jornal do Estado beneficiou sete eleitos em Curitiba, a um custo de R$ 12,2 mil, e doou R$ 13,9 mil para sete não-eleitos. A Editora Correio Paranaense doou R$ 6 mil para cinco eleitos e R$ 1,9 mil para quatro não-eleitos. A Companhia de Cimento Itambé doou R$ 34 mil para quatro candidatos e R$ 25 mil para três não-eleitos. O Paraná Banco doou R$ 17 mil para três eleitos e R$ 45 mil para sete não eleitos. Em Araucária, na Grande Curitiba, a Organização Educacional Expoente doou um total de R$ 7,8 mil para 8 dos 11 eleitos no município, e afirma ter feito as contribuições seguindo estritamente a legislação eleitoral.
Na eleição para prefeito de Curitiba, pelo menos oito empresas financiaram mais de um candidato. A Norske Skog Pisa, fabricante de papel, e o Banco Itaú doaram recursos para três candidatos Beto Richa (PSDB), Gleisi Hoffmann (PT) e Carlos Moreira (PMDB) , desembolsando juntos R$ 253 mil. A locadora Ouro Verde e a Organização Educacional Expoente fizeram doações a Gleisi e Moreira. Juntos, eles receberam R$ 75,9 mil da Ouro Verde e R$ 10,4 mil da Expoente.
Na análise do cientista político Ricardo Caldas, da Universidade de Brasília, a prática de contribuir com mais de uma candidatura é comum. "As empresas ampliam suas chances de ficar do lado vencedor. E, ficando do lado do vencedor, têm acesso privilegiado aos administradores públicos após as eleições."
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