O secretário de Planejamento, Cassio Taniguchi, admitiu ontem que o governo do estado adotou um critério que acabou por restringir a participação de mais empresas na realização de projetos e estudos técnicos, econômicos e financeiros necessários para a implantação do programa "Tudo Aqui Paraná". A única empresa que se mostrou interessada a fazer o estudo foi a Shopping do Cidadão, que receberá pouco mais de R$ 1,3 milhão pelo serviço recurso que será pago pela vencedora da licitação.
Taniguchi explicou que a Shopping do Cidadão procurou o governo do estado e sugeriu a implantação das unidades do "Tudo Aqui". Esta empresa foi a que desenvolveu projeto semelhante no Rio de Janeiro, São Paulo e Ceará, entre outras capitais. A ideia é a mesma: concentrar a oferta de serviços municipais, estaduais e federais num único local. O que muda é só o nome: em São Paulo é "Poupatempo", no Ceará é "Vapt Vupt" e no Paraná o serviço foi batizado como "Tudo Aqui".
Diante da sugestão, contou o secretário, o governador Beto Richa (PSDB) se interessou pela proposta. No dia 12 de julho de 2011, o governo do estado baixou um decreto autorizando empresas, num prazo de até 30 dias, a realizarem e apresentarem um estudo de viabilidade ao programa. O decreto foi publicado apenas no Diário Oficial do Estado.
Segundo Taniguchi, não existe ilegalidade nisso. No entanto, a falta de ampla divulgação acabou limitando a apresentação de novos estudos. Um dia após o governador baixar o decreto chamando empresas a apresentarem estudos, outro foi publicado. Desta vez, autorizando a Shopping do Cidadão a realizar a pesquisa.
"Foi a única empresa que apareceu. Se tivessem aparecido outras, elas teriam a mesma autorização", justificou Taniguchi, que negou um direcionamento da realização deste estudo para a empresa Shopping do Cidadão. Ele justificou o critério adotado pelo governo de apenas divulgar a autorização para a apresentação de estudos no Diário Oficial com base na experiência de São Paulo, que recebeu mais de 500 projetos porque fez uma ampla divulgação.
"O governador [Geraldo] Alckmin (PSDB) lançou publicamente [a autorização para que empresas apresentassem estudos de viabilidade do "Poupatempo"], então vieram 500 projetos. Destes, por enquanto, muito poucos saíram efetivamente do papel. Porque houve uma avalanche, por assim dizer, de interessados. E ninguém queria ser o primeiro a investir no estudo de viabilidade. Este foi o motivo pelo qual nós mudamos o critério", explicou o secretário.