A empresária do setor de transportes Rosângela Gabrili confirmou, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos, a denúncia de que foi extorquida pela prefeitura de Santo André. O crime teria ocorrido durante a administração de Celso Daniel, assassinado em 2002.
Rosângela voltou a acusar o ex-secretário de Serviços Municipais de Santo André, Klinger Oliveira Souza, de comandar o esquema. Em depoimento à CPI, semana passada, Klinger afirmou que a denúncia era uma tentativa de Rosângela "blindar o contrato" de sua empresa com a prefeitura.
Segundo Rosângela, em dezembro de 2001, apenas a viação São José, da qual a família Gabrili é uma das proprietárias, chegou a ser extorquida em R$ 41.800 por mês. Rosângela afirma que assim que Celso Daniel assumiu a prefeitura informou aos empresários que a administração da cidade e do setor estaria sob a responsabilidade do secretário de Serviços Municipais.
- Em uma reunião com o meu pai e outros empresários, Klinger informou que a partir daquele momento todo dia 30 seria recolhido nas empresas uma 'contribuição' para o partido - afirmou ela. - O valor da extorsão era definido de acordo com o número de ônibus que cada empresa tinha na cidade, e ele seria reajustado de acordo com o reajuste das tarifas.
A empresária afirma que, "de acordo com Klinger, o dinheiro era para o PT e seria entregue ao PT".
- Foi uma coisa imposta. Tínhamos que pagar. Ele ia para as reuniões armado, com revólver. E deixava claro que com poder não se brinca, se cumpre. Tínhamos medo de procurar ajuda.
Ela confirmou ainda que por duas vezes depositou o dinheiro na conta de Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, assessor de Daniel.
Em depoimento à CPI, semana passada, o ex-secretário Klinger afirmou que a denúncia de que havia um esquema de arrecadação de propina no setor de transporte da cidade foi feita num "ato de desespero". Segundo ele, a empresária Gabrilli tinha medo de perder o contrato de sua empresa Guarará com a prefeitura.
- Uma semana antes da morte de Celso Daniel, Rosângela Gabrilli me procurou dizendo que não tinha condições de cumprir o contrato que tinha com a prefeitura - disse.
Klinger afirmou que, na época, ameaçou romper o contrato com a empresa caso ela não cumprisse os serviços determinados. Segundo o ex-secretário, Rosângela "mantinha o contrato por lobby de João Francisco" - irmão de Celso Daniel, prefeito de Santo André morto em 2002.
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”