Vista geral do sítio em Atibaia.| Foto: MÁRCIO FERNANDES/ESTADÃO CONTEÚDO

O empresário Jonas Suassuna negou que o ex-presidente Lula seja o dono do sítio Santa Bárbara, em Atibaia. A Lava Jato e o Ministério Público de São Paulo apuram se empreiteiras fizeram obras na propriedade em favor do ex-presidente. Suassuna colocou à disposição da Lava Jato os seus sigilos fiscais, bancários e telefônicos, e pediu para ser ouvido pela Polícia Federal ainda esta semana.

CARREGANDO :)

“Ele é o real proprietário do sítio. Meu cliente está revoltado. Não por que ocultar o patrimônio. Isso (o sítio ser do ex-presidente Lula) é um absurdo”, afirmou o criminalista Ary Bergher, que defende o empresário.

Suassuna é um dos investigados no novo inquérito que a Polícia Federal abriu para apurar se há participação da empreiteira OAS e de outras empresas investigadas na Operação em reformas realizadas no sítio. O empresário é dono de uma das propriedades que compõe o sítio Santa Bárbara. A outra parte pertence ao empresário Fernando Bittar.

Publicidade

Acusações podem colocar em risco sobrevivência política de Lula, diz jornal britânico

Leia a matéria completa

“Meu cliente colocou, hoje (segunda-feira), todos os seus sigilos à disposição das autoridades e vamos pedir para que ele preste depoimento ainda esta semana. Na área do meu cliente, nunca houve nenhum obra”, afirmou o criminalista Ary Bergher, que defende Suassuna.

O depoimento de Suassuna à PF ainda não tem data definida, mas Bergher afirma que vai pedir para que seu cliente fale ainda nesta semana. O empresário é sócio do filho do ex-presidente, Fábio Luís Lula da Silva – o Lulinha – na empresa BR4 Participações. Além de emprestar o sítio Santa Bárbara para a família Lula, Suassuna também já pagou o aluguel do apartamento de Lulinha nos Jardins.

Os investigadores da Lava Jato suspeitam que empreiteiras acusadas de corrupção no esquema da Petrobras pagaram reformas no sítio com dinheiro desviado da estatal. Segundo a força-tarefa, a OAS pagou pelas cozinhas planejadas instaladas pela empresa Kitchens no sítio de Atibaia e no tríplex do edifício Solaris, no Guarujá (SP), que pertenceu a Lula.

O pagamento foi feito em dinheiro pelo ex-executivo da OAS Paulo Gordilho em março de 2014. A nota fiscal foi emitida em nome de Fernando Bittar, sócio do sítio ao lado de Jonas Suassuna. Além da cozinha, que custou R$ 28 mil, foram entregues no sítio um refrigerador de R$ 9,7 mil, uma lava-louças de R$ 9,1 mil, um forno elétrico de R$ 10,1 mil e uma bancada de R$ 43 mil. No total, a OAS desembolsou R$ 130 mil.

Publicidade

Além da cozinha paga pela OAS, a Lava Jato investiga se a construtora Odebrecht fez reformas no sítio, como contou a dona de uma loja de material de construção. Foram incorporadas quatro suítes à propriedade; a reforma teria contado ainda com a ajuda do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula e preso na Lava Jato. Outro suspeito de fazer obras na propriedade é o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente, preso desde novembro em Curitiba.

Um representante da empresa Fernandes dos Anjos & Porto Montagens de Estruturas Metálicas, que participou das obras na propriedade de Atibaia, admitiu ter recebido R$ 40 mil de Bumlai em dinheiro. A mesma empresa prestou serviços ao pecuarista, pelos quais recebeu um total de R$ 550 mil, segundo documentos apreendidas pela Polícia Federal.

Em nota, o Instituto Lula vem afirmando que, desde 2011, o ex-presidente frequenta “um sítio de propriedade de amigos da família” e que “a tentativa de associá-lo a supostos atos ilícitos tem o objetivo mal disfarçado de macular a imagem do ex-presidente”.