A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira (10) o ex-deputado federal paranaense André Vargas (ex-PT e hoje sem partido). Luiz Argôlo (ex-PP e hoje Solidariedade-BA) e mais quatro pessoas ligadas aos políticos, entre elas Leon Vargas, irmão do ex-petista, também foram presos.
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Leia a matéria completaHouve ainda ordem de prisão contra o ex-deputado Pedro Corrêa (PP-PE), que já estava preso em Pernambuco por condenação no mensalão. Ele será transferido para a PF em Curitiba.
Ex-petista deixou de ser “Eduardo Cunha” em apenas um ano
- BRASÍLIA
- André Gonçalves, correspondente
Há um ano, o londrinense André Vargas era o primeiro vice-presidente da Câmara, contundente figura do Partido dos Trabalhadores em Brasília, pré-candidato ao Senado. Nesta sexta-feira (10), ele foi preso na Operação Lava Jato. A reviravolta na trajetória começou quando a Folha de S. Paulo publicou reportagem com base nas investigações da Polícia Federal que mostram que Vargas usou um avião arranjado pelo doleiro Alberto Yousseff para viajar de férias com a família. Na sequência, mais matérias mostram a relação entre os dois, principalmente em contratos do laboratório Labogen, de Yousseff, com o governo federal. Nos bastidores do Congresso, comenta-se que Vargas era, na pior das hipóteses, cotadíssimo para se reeleger deputado e concorrer à Presidência da Câmara, em fevereiro de 2015. E que seria franco favorito, inclusive pelo apoio maciço do baixo clero e de setores do PMDB. Se as previsões se consumassem, ele tinha grandes chances de ter evitado a ascensão de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aquele que tanto dá dor de cabeça para a presidente Dilma Rousseff.
As prisões fazem parte da 11.ª fase da Operação Lava Jato, que investiga o esquema de corrupção na Petrobras e que, a partir de agora, também apura desvios na Caixa Econômica Federal e no Ministério da Saúde feitos a partir de contratos de publicidade.
Segundo a PF, 10% do valor dos contratos de publicidade mantidos com a Caixa e com o ministério pela empresa de publicidade Borghi/Lowe eram desviados para empresas de fachada dos irmãos Vargas.
Batizada de “Origem”, essa nova etapa da Lava Jato investiga o repasse de R$ 2.399.511,60, em espécie, do doleiro Alberto Youssef, personagem central do esquema de corrupção na Petrobras, para Vargas, cassado em 2014. Segundo o juiz federal Sergio Moro, que conduz todas as ações da operação, “os fatos configuram crimes de corrupção e de lavagem de dinheiro”.
Esquema
Segundo a força-tarefa, a Borghi Lowe Propaganda e Marketing Ltda., que administra contas publicitárias da Caixa e do Ministério da Saúde, teria contratado serviços das empresas E-noise, Luis Portela, Conspiração, Sagaz e Zulu Filmes para a realização de serviços de publicidade. A Borghi Lowe teria orientado a realizar pagamentos de comissões de bônus de volume nas contas das empresas Limiar e LSI controladas por André Vargas e seus irmãos.
Os investigadores suspeitam que contratos da área davam cobertura a “serviços de fachada”, com o objetivo de lavar dinheiro ilícito cujo beneficiário principal seria André Vargas.
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Leia a matéria completa“Em vista da existência de prova de que as empresas E-noise, Luis Portela, Conspiração, Sagaz e Zulu Filme teriam realizado depósitos em contas controladas por André Vargas, com envolvimento da empresa Borghi Lowe, justifica-se a quebra de sigilo bancário e fiscal das referidas empresas, ainda que as primeiras não tenham necessariamente se envolvido de forma intencional nos crimes”, decidiu o juiz Sergio Moro.
“Embora seja necessário aprofundar as investigações quanto ao tópico, há prova de que Alberto Youssef providenciou, em dezembro de 2013, o repasse de R$ 2.399.511,60 em espécie a André Vargas, numerário este proveniente de empresa que mantém vários contratos com entidades públicas, o que foi feito mediante emissão de notas fiscais fraudulentas por serviços que não foram prestados”, afirmou o magistrado na decisão favorável à prisão de Vargas.
Casa suspeita
André Vargas está sob suspeita de lavagem de dinheiro na compra da própria casa em Londrina. O imóvel foi sequestrado por ordem do juiz federal Sergio Moro. Vargas declarou a compra do imóvel por R$ 500 mil, segundo consta na escritura. Mas o vendedor, em sua declaração de rendimentos, declarou o negócio por R$ 980 mil, “preço integralmente recebido em 2011”.
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