Dois dos principais secretários do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), jantaram no dia 7 de abril de 2011 com Cláudio Abreu, ex-representante da empresa Delta Construções no Centro-Oeste e a quem o contraventor Carlinhos Cachoeira passou informações sobre investigações sigilosas. É o que afirma a revista Veja, que teve acesso a gravações de chamadas telefônicas feitas por Abreu antes e durante o encontro com Paulo Tadeu, titular da Secretaria de Governo, e Rafael Barbosa, atual secretário de Saúde.
Após negar ter tido encontro com Cachoeira, Agnelo admitiu, nesta semana, por meio de porta-voz do governo, que se reuniu com o bicheiro quando era diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), cargo que ocupou até 2010.
Segundo as gravações, antes do jantar, Abreu telefonou para Cachoeira. "Estou aqui no restaurante esperando o Rafael e o Paulo Tadeu", diz. "Os dois vêm cá para amarrar os bigodes comigo. Vamos ver como é que vai ser", completou, sem entrar em detalhes .
A revista informa que duas horas depois desta primeira ligação, Abreu interrompe o jantar para pedir um número de telefone a Cachoeira. É quando o bicheiro pergunta como está indo a conversa e ouve que Tadeu e Barbosa desejavam "se enturmar" com ele.
Paulo Tadeu alegou que a reunião tratou do contrato da coleta de lixo que a Delta mantém com o governo local. Rafael Barbosa afirmou, por meio de sua assessoria, que nunca esteve com Abreu. Segundo a revista, o próprio Tadeu desmentiu Barbosa e confirmou que o colega estava no jantar.
Defesa
O líder do PT na Câmara, deputado Jilmar Tatto (SP), afirmou que as denúncias em relação a Agnelo Queiroz também serão alvo de investigação. Para ele, no entanto, há muito "exagero" no que está sendo publicado. Ele afirma que o partido não permitirá que Agnelo seja "cristianizado" em razão da disputa política. "Ninguém tem compromisso com a ilicitude. Quem cometeu mal feito, terá que pagar. Mas eu acredito no comportamento e na postura correta do nosso governador. E não vamos aceitar que ele seja cristianizado por operação política."
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