Gulbino, ex-diretor de pessoal: acusado de pressionar presidente de sindicato a entrar na Justiça para bloquear o trabalho do Ministério Público| Foto: Reprodução / RPCTV

O presidente da Assembleia Le­­­­gislativa do Paraná (AL), deputado Nelson Justus (DEM), recontratou na semana passada o ex-diretor de pessoal da Casa Antônio Carlos Gulbino para outro cargo dentro da mesma diretoria. Gulbino havia sido afastado do cargo em maio por recomendação do Ministério Público Estadual (MP). Os promotores entenderam que Gulbino tentou bloquear as investigações das denúncias de irregularidades da série "Diários Secretos", da Gazeta do Povo e da RPCTV.

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Em maio, promotores do MP que investigam denúncias de irregularidades na Assembleia justificaram que o afastamento de Gul­­­­bino do cargo seria necessário por­­­que ele teria articulado uma tentativa jurídia de restringir o acesso do Ministério Público a dados financeiros dos servidores do Legislativo paranaense – informações que estavam sendo usadas na apuração das denúncias.

Gulbino teria ajudado a produzir um mandado de segurança impetrado na Justiça pelo Sindi­­­cato dos Servidores da Assembleia (Sindilegis). A liminar, concedida pelo Tribunal de Justiça, impediu o MP de ter acesso aos dados.

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No entanto, a então presidente do sindicato Diva Scaramella Ogibowski disse que havia sido "usada" e "enganada" por funcionários da Assembleia que tinham como objetivo barrar a investigação do MP. Diva afirmou à época que não sabia o que estava assinando (o mandado) e que um desses funcionários que fez pressão para que ela assinasse o mandado foi justamente Antônio Gulbino.

"Foi ele [Gulbino] que me deu para assinar [a procuração]", contou Diva à época. Depois disso, a presidente interina do sindicato retirou a ação da Justiça. Isso permitiu aos promotores acessarem os dados. E o MP recomendou à Assembleia que afastasse Gulbino.

Recontratação retroativa

O diário oficial da Assembleia n.º 81, de 2 de agosto de 2010, traz o ato da comissão executiva 2.445/10 que nomeia Gulbino para um cargo comissionado na Diretoria de Pessoal, de onde havia saído. A contratação, publicada em agosto, é retroativa a 1.º de maio deste ano – o que na prática significa que, oficialmente, o afastamento dele foi "apagado", já que o pedido de afastamento feito pelo MP é de 7 de maio.

A determinação para recontratar Gulbino é de Nelson Justus, conforme o Protocolo n.º 5.298, publicado no diário n.º 82, de 3 de agosto. No documento, o presidente da Casa justifica a recontratação de Gulbino com base no resultado de uma sindicância interna que apurou o caso.

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Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da Assem­­­­bleia informou que a comissão de sindicância não encontrou nada que desabonasse a conduta de Gulbino. Segundo o Legislativo, a sindicância está sendo acompanhado pelo MP. A reportagem pediu à Assembleia uma cópia do relatório da sindicância. A Casa ficou de analisar o pedido.

A Gazeta do Povo apurou ainda que o MP não sabia da recontratação de Gulbino. Promotores que investigam o Legislativo disseram ainda que, em nenhum momento, voltaram atrás na decisão de pedir o afastamento de Gulbino.

Esquema milionário

Gulbino ficou pouco tempo no cargo de diretor de pessoal da Assembleia. Ele assumiu o cargo em 1.º de abril, após o afastamento do ex-diretor Cláudio Marques da Silva, envolvido no esquema de desvio de recursos da Casa por meio da contratação de servidores fantasmas e laranjas.

Segundo o MP, o esquema era chefiado pelo ex-diretor-geral da Assembleia Abib Miguel, o Bibi­­­nho, e teria desviado mais de R$ 100 milhões dos cofres públicos. Bibinho, Marques da Silva e José Ary Nassiff (ex-diretor administrativo da Casa) foram presos por participação no esquema e denunciados à Justiça por formação de quadrilha, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e desvio de dinheiro público. To­­­dos eles já saíram da prisão.

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