Veja que chefe de gabinete de Nelson Justus comandava duas redes de funcionários na presidência da Assembleia
- RPCTV
Estudantes protestam por moralidade na política
Estudantes em Almirante Tamandaré, na região metropolitana Curitiba, e em Londrina, no Norte do Paraná, fizeram manifestações ontem para cobrar moralidade dos políticos. As mobilizações surgiram a partir das denúncias de irregularidades na Assembleia Legislativa do Paraná feitas pela Gazeta do Povo e pela RPC TV com a série de reportagens "Diários Secretos."
O chefe de gabinete do presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, deputado Nelson Justus (DEM), Sérgio Roberto Monteiro, é a figura central de uma grande rede de parentes empregados no Legislativo paranaense. Documento obtido pela Gazeta do Povo e pela RPCTV mostra que o cunhado de Monteiro, Edson Artur Borrin, é sócio do assessor parlamentar Luís Alexandre Barbosa, que está lotado no gabinete de Justus. Juntos, Monteiro e Barbosa empregaram 32 parentes, distribuídos entre o gabinete de Nelson Justus e a presidência da Assembleia.
Na Junta Comercial do Paraná consta que Borrin e Barbosa são sócios na loja Borrin e Barbosa Ltda. uma empresa de "venda de veículos novos, usados e em consignação; aluguel de automóveis sem motorista", aberta em 1.º de março de 2003. A empresa, segundo o documento da Junta, está ativa. Mas no endereço no bairro Rebouças, em Curitiba, onde supostamente funcionaria a Borrin e Barbosa Ltda., existe uma empresa de acessórios para carros.
Funcionários e o dono da loja, que pediu para não se identificar, disseram não conhecer Edson Borrin nem Luís Alexandre Barbosa. No contrato social da Borrin e Barbosa Ltda. consta ainda outro endereço, no bairro Vila Fanny, também em Curitiba. O local indicado, no entanto, é a casa de Edson Borrin.
Rede de parentes
A rede de parentes das famílias Monteiro e Barbosa foi mostrada na série de reportagens "Diários Secretos". A Gazeta do Povo e a RPCTV revelaram que o chefe de gabinete de Justus, Sérgio Monteiro, empregou 20 parentes e Luís Alexandre Barbosa conseguiu emprego para 12 familiares.
Alguns desses parentes admitiram que não trabalham na Assembleia do Paraná, apesar de aparecerem como funcionários na lista de servidores da Casa divulgada em 2009. A sogra de Barbosa, Tereza Ferreira Alves, foi encontrada em um salão de beleza na Avenida Iguaçu, em Curitiba. Sem saber que estava sendo gravada, ela revelou o que faz: "Trabalho aqui [no salão] das 9 horas às 19 horas. De terça a sábado". Indagada sobre o trabalho que prestava para Nelson Justus, a cabeleireira não soube dizer o que fazia.
Brinquedos
O mesmo aconteceu com Antônio Wilson Camargo Júnior, cunhado de Barbosa. Ele administra uma loja da família de locação de brinquedos infantis. Quando questionado se tem outro trabalho, ele foi taxativo: "Não, só aqui. Estou há nove anos trabalhando com festa".
A rede de parentesco foi adotada com a conivência de Nelson Justus. O presidente da Assembleia disse em entrevista à Gazeta do Povo e a RPCTV saber dessa grande família abrigada em seu gabinete e no da presidência. Ele afirmou que todos de fato trabalham para ele e que essa rede de parentes é uma coisa "perfeitamente normal".
Veja todas as denúncias feitas pelo jornal Gazeta do Povo e pela RPCTV sobre os Diários Secretos da Assembleia Legislativa.
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