Confira algumas contas recheadas| Foto:

Nova prisão preventiva para ex-diretores

A Justiça decretou nova prisão preventiva de três ex-diretores da Assembleia Legislativa do Paraná: Abib Miguel (diretor geral), José Ary Nassiff (administrativo) e Cláudio Marques da Silva (de pessoal). A decisão, do juiz Aldemar Sternadt, substituto da Vara de Inquéritos Policiais, se estende ainda para o funcionário Daor Afonso Marins de Oliveira, que está foragido. O pedido de prisão preventiva foi feito pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e acatado pelo magistrado na sexta-feira passada.

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Assembleia nega ter pago fantasmas no mês de abril

A diretoria de comunicação da Assembleia Legislativa do Paraná emitiu ontem nota oficial contestando a reportagem de ontem da Gazeta do Povo que informou que a Casa pagou salários a funcionários fantasmas no mês de abril.

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A investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) já conseguiu comprovar que o esquema de corrupção montado dentro da Assembleia Legislativa do Paraná (AL) desviou pelo menos R$ 26 milhões dos cofres públicos. Esse montante, sem correção monetária, se refere apenas aos depósitos feitos pela Casa na conta bancária de 17 funcionários fantasmas – oito parentes do funcionário João Leal de Mattos e nove de Daor Afonso Marins de Oliveira – este último, foragido da Justiça.

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Os promotores do Gaeco, braço do Ministério Público Estadual (MP), identificaram que nenhum deles de fato prestou expediente no Legislativo. Mas o grupo recebeu R$ 26 milhões em salários desde 1994. Foram R$ 13 milhões envolvendo a família Leal, como já havia sido revelado há duas semanas. Agora surgem outros R$ 13 milhões comprovadamente desviados por meio do pagamento de salários aos familiares de Daor Oliveira.

Na última sexta-feira, a Justiça decretou a prisão preventiva de Daor Oliveira. Uma nova prisão preventiva também foi decretada para os ex-diretores Abib Miguel (diretoria-geral), José Ary Nassiff (diretoria administrativa) e Cláudio Marques da Silva (de pessoal). Os ex-diretores estão detidos acusados de desvio de dinheiro, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Os promotores sustentam que Abib Miguel, conhecido como Bibinho, chefiava uma quadrilha montada dentro da Assembleia para desviar dinheiro público. Nassiff e Cláudio Marques teriam envolvimento direto na contratação de funcionários fantasmas com o objetivo de se apropriar das verbas públicas do Legislativo. Leal de Mattos e Daor Oliveira teriam a função de obter documentos pessoais de seus familiares para possibilitar a contratação deles na Assembleia.

Daor Oliveira é corretor de imóveis e trabalha na mesma sala comercial, num prédio no centro de Curitiba, onde funciona uma empresa de Bibinho e Nassiff. Ele tem cargo em comissão na Assembleia e conseguiu emprego para Roseli do Rocio Luccas de Oliveira (esposa), Luiz Alonso Luccas de Oliveira (filho), Maureen Louise de Oliveira (filha), Clori de Oliveira Gbur (irmã), Pierre, Alessandro e Eduadro Gbur (os três sobrinhos), e para Glaucilene de Souza Gbur (esposa de Pierre) e Thayse Pereira Gbur (esposa de Alessandro).

A reportagem da Gazeta do Povo e da RPCTV tiveram acesso ao depoimento de Maurren Louise de Oliveira. Maurren disse ter certeza de que ela, o pai, a mãe e o irmão nunca trabalharam na Assembleia. Afirmou ainda desconhecer o fato de seu nome aparecer na lista de funcionários da Casa divulgada pelo presidente Nelson Justus (DEM) em 2009.

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Maurren contou também que acredita que os demais parentes também não trabalharam na Assembleia. "Luiz Alonso é ator, mora em São Paulo. E, quando morou em Curitiba, trabalhava como professor de Educação Física. Pierre é garçom. Eduardo, taxista. Alessandro é funcionário de uma empresa. Glaucilene é do lar e Thayse, funcionária de uma empresa", disse ela.

No depoimento aos promotores, Maurreen contou que recebe apenas R$ 900 como estagiária num escritório de advocacia. Mas documentos obtidos com exclusividade pela Gazeta do Povo e pela RPCTV revelam que a Assembleia fez 16 depósitos na conta bancária dela, entre 2006 e 2009, que totalizaram R$ 286 mil. Só em setembro de 2006 a Assembleia pagou R$ 25 mil de salário para Maureen. Para receber esse volume de dinheiro ela teria de trabalhar por dois anos no atual emprego.

A situação do irmão dela é ainda mais grave. Maureen afirmou que Luiz Alonso trabalha como ator em São Paulo, onde mora há dois anos. Mesmo a distância, a Assembleia depositou R$ 238 mil na conta bancária dele entre os anos de 2008 e 2009.

A reportagem tentou falar com Daor Oliveira pelo telefone celular, mas o aparelho dele estava desligado.

Ex-foragido

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O contador Douglas Bastos Pequeno – que cuidava da contabilidade de uma das fazendas do ex-diretor-geral da Assembleia Legislativa do Paraná Abib Miguel – foi ouvido na semana passada pelos promotores do Gaeco. Pequeno estava foragido da Justiça desde 8 de maio, quando o MP deflagrou a Operação Ectoplasma 2.

Pequeno se apresentou com o advogado e prestou depoimento, sendo liberado em seguida. O mesmo fizeram Maria Advair Bastos Pequeno e Josiane Bastos Pequeno – respectivamente mulher e filha de Douglas.

Pequeno, a mulher e a filha eram três das 13 pessoas que estavam foragidas. Elas foram informadas dois dias antes da operação do Gaeco e conseguiram fugir – vazamento que está sendo investigado pelos promotores. As outras 10 pessoas, que não tiveram o nome divulgado, estão sendo procuradas pela Justiça.

Veja todas as denúncias feitas pelo jornal Gazeta do Povo e pela RPCTV sobre os Diários Secretos da Assembleia Legislativa.

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