"O Paraná que queremos" Adesão aumenta 5 vezes em uma semana

Em menos de uma semana, o número de entidades e empresas que aderiram ao movimento "O Paraná que queremos" aumentou cinco vezes. No último domingo, 28 entidades representativas estavam engajadas. Dois dias depois, o número chegou a 51 entidades e 10 empresas. Na última quinta-feira, os números tinham passado para 94 e 60, respectivamente. E, desde a sexta-feira, pessoas físicas também passaram a aderir.

A campanha foi lançada pela seção paranaense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR), no início de maio, com o objetivo de ampliar a consciência política da população. A instituição pede para que o estado não deixe que os escândalos da Assembleia sejam colocados "para debaixo do tapete". O movimento pede ainda a "valorização de um Paraná justo, honesto e à altura de todos os paranaenses".

Os interessados em manifestar apoio à campanha podem participar enviando um e-mail para cidadania@oabpr.org.br ou participe@novoparana.com.br.

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Punição dos envolvidos

Para empresários, medidas não são suficientes

Os empresários que já aderiram ao movimento "O Paraná que queremos", lançado pela OAB-PR, são unânimes ao afirmar: as medidas tomadas pelo poder público até agora contra os envolvidos nos escândalos da Assembleia Legislativa ainda não são satisfatórias. "O que está acontecendo no Paraná é como chamar o povo de idiota", diz a empresária Nelita Buzzi, sócia da Vinnea Vinhos.

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O Paraná está mostrando capacidade de mobilização para resolver seus problemas. A reação foi despertada pela indignação diante das irregularidades da Assembleia Legislativa denunciadas na série de reportagens "Diários Secretos", da Gazeta do Povo e da RPC TV. Além de protestos de entidades estudantis que se espalharam por todo o estado na semana que passou, o movimento "O Paraná que queremos", da seção paranaense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR), já conquistou a adesão de 152 entidades representativas da sociedade civil, 136 empresas e 149 pessoas físicas. O movimento pede o fim da corrupção na Assembleia e a punição dos envolvidos.Para especialistas, a participação da sociedade civil na vida pública é legítima e também deve ser interpretada como um dever dos cidadãos. Segundo eles, um pressuposto da democracia é que a população esteja no cotidiano político. Além disso, a adesão dos paranaenses ao movimento é um sinal de maturidade democrática.

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A convergência dos movimentos de combate à corrupção derruba ainda a ideia de que o voto é a única forma de participação política, dizem os especialistas. Apesar de as eleições serem o ápice do sistema representativo, a política deve fazer parte do dia a dia das pessoas.

Para o professor de Ciência Política Ricardo de Oliveira, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), há uma nova cultura política no estado. "A campanha já é um sucesso porque conseguiu mostrar a indignação e provocou mudanças. Esse é o sentido pleno da cidadania. Isso mostra que a Assembleia não é independente da sociedade", afirma ele.

Oliveira acredita que o país ganha quando há ampla adesão da sociedade civil – como ocorreu em momentos históricos da democracia brasileira, caso da campanha das Diretas Já e do impeachment do ex-presidente Fernando Collor. "O envolvimento da população é fundamental e contribui para fiscalizar os poderes", afirma. "É uma mensagem de que estamos de olho nos políticos. A exigência é uma Assembleia transparente e eficiente." A participação dos jovens, para ele, também é outro fator primordial, já que está garantindo a consciência política das futuras gerações.

Para o professor de Filosofia Elve Miguel Cenci, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), além de os protestos tirarem os envolvidos da situação confortável, é altamente salutar que as pessoas se organizem e se manifestem em uma democracia. "O que me surpreendeu foi a reação negativa de parte da Assembleia com relação a esse movimento. Os eleitos devem justamente representar as aspirações da sociedade com o interesse público e ouvi-los".

Segundo o professor de Direito Constitucional e Ciência Política Carlos Luiz Strapazzon, do UniCuritiba, lideranças de instituições como a OAB são fundamentais para mobilizar a sociedade civil. "Só assim o fato repercute no cotidiano das pessoas. Acredito que a tendência é que esse movimento continue a crescer."

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Veja todas as denúncias feitas pelo jornal Gazeta do Povo e pela RPCTV sobre os Diários Secretos da Assembleia Legislativa.