O Ministério Público do Paraná (MP-PR) denunciou 13 pessoas nesta terça-feira (18) por causa do esquema de contratação de funcionários fantasmas e desvio de dinheiro público na Assembleia Legislativa do Paraná. A denúncia foi assinada pelos promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
A nova denúncia diz respeito ao esquema de contratação de parentes do corretor de imóveis Daor Afonso Marins de Oliveira, que é funcionário comissionado da Casa de Leis. Além disso, o corretor e os filhos pagariam para terceiros cederem os nomes para nomeações irregulares, de acordo com o MP.
Essas pessoas ganhavam entre R$ 600 a R$ 800 mensais por mês para participar do esquema, e receberiam até R$ 30 mil na folha de pagamento da Assembleia Legislativa. Segundo a denúncia, o Gaeco encontrou 18 situações em que foram cometidos os crimes de formação de quadrilha, peculato (desvio de dinheiro público), falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.
De acordo com a denúncia do Gaeco, algumas pessoas receberam dinheiro diretamente de Abib Miguel, que era diretor-geral da Assembleia. O órgão afirmou que algumas pessoas sabiam que os nomes eram utilizados no esquema e que outras descobriram posteriormente, mas aceitaram participar da fraude. Apenas uma pessoa desconhecia a situação e não foi incluída na denúncia.
Segundo o Ministério Público, dois familiares de Daor - um sobrinho e uma irmã - chegaram a ser contratados pela Assembleia com nomes diferentes e recebiam vários salários.
As pessoas denunciadas nesta terça-feira foram Abib Miguel, José Ary Nassiff, Cláudio Marques da Silva, Daor Afonso Marins de Oliveira, Marlon Christian Luccas de Oliveira (filho de Daor), Maureen Louise de Oliveira (filha de Daor), Roseli do Rocio Luccas de Oliveira (esposa de Daor), Clori Maria de Oliveira, Luiz Alonso Luccas de Oliveira, Eduardo José Gbur, Pierre José Gbur, Alessandro Gbur e Glaucilene de Souza Gbur. Desses, Abib Miguel (ex-diretor-geral), José Ary Nassiff (ex-diretor de Administração) e Cláudio Marques da Silva (ex-diretor de Pessoal) já tinham sido denunciados pelo MP em 4 de maio por desvio de dinheiro público, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. O funcionário João Leal de Mattos também foi denunciado em 4 de maio pelos referidos crimes.
Na primeira denúncia do MP-PR, Abib Miguel e João Leal de Mattos foram denunciados por cometerem 1.182 vezes o crime de peculato (desvio de dinheiro público). Com relação a denúncia desta terça-feira (18), Abib Miguel e Daor Afonso Marins de Oliveira foram denunciados 894 vezes pelo crime de peculato.
Daor Afonso Marins de Oliveira teve a prisão preventiva decretada na segunda-feira (17) e continuava foragido nesta terça-feira.
Desvio de dinheiro público já chega a 26 milhões
O Gaeco já comprovou que o esquema de corrupção montado dentro da Assembleia Legislativa desviou pelo menos R$ 26 milhões dos cofres públicos.
Esse valor equivale aos depósitos feitos pela Casa de Leis na conta bancária de 17 funcionários fantasmas. Oito parentes do funcionário João Leal de Mattos e nove do corretor de imóveis Daor Afonso Marins de Oliveira.
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Veja todas as denúncias feitas pelo jornal Gazeta do Povo e pela RPCTV sobre os Diários Secretos da Assembleia Legislativa.
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