Para Leonir Batisti, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), a operação Ectoplasma I comprovou a existência de um esquema de desvio de dinheiro público dentro da Assembleia Legislativa do Paraná. Durante a ação, foram presas dez pessoas e apreendidos cerca de R$ 450 mil R$ 400 mil na casa do ex-diretor de Recursos Humanos, Cláudio Marques da Silva, e o restante na casa de Abib Miguel.
Os documentos obtidos e os depoimentos tomados pelos promotores de Justiça indicam a sistemática do roubo aos cofres públicos. Em entrevista concedida ontem na sede do Gaeco, Batisti, foi categórico ao afirmar que este esquema de desvio de dinheiro existe, pelo menos, desde 2002.
A sistemática para desviar verba pública da Casa de Leis do Paraná já foi entendida, segundo Batisti. Ele explicou que pessoas ligadas ao ex-diretor-geral Abib Miguel obtinham documentos de familiares para colocá-los na lista de pagamento da Assembleia. O salário depositado, no entanto, não ficava com elas, era desviado. O próximo passo da investigação do MP é saber quem ficou com o dinheiro. Veja os principais trechos da entrevista com Batisti.
Existe um esquema de desvio de dinheiro dentro da Assembleia do Paraná?
As declarações dessas pessoas evidenciam que o esquema de desvio de dinheiro existe. Isto está claro. O Bibinho (Abib Miguel) era o diretor-geral, o João Leal (de Mattos) trabalhava com ele, era seu conhecido antigo de Cerro Azul. João Leal colocou seus parentes na folha de pagamento da Assembleia. Essas pessoas não trabalhavam na Casa. Existe, inclusive, a desconfiança se o João de fato trabalhou, embora ele diga que sim. Certo é que ele tem uma atividade paralela, no ramo de construção.
Então está comprovado o esquema de desvio de dinheiro dentro da Assembleia?
Está. Sem meias palavras, está. Através do expediente de colocar pessoas na folha (de pagamento), entra o salário numa conta e esse dinheiro some. Certamente a pessoa que é titular (dessa conta) não recebe.
Há quanto tempo funciona esse esquema?
Jermina (Leal) entrou na folha de pagamento em 2002. Pelo menos desde esse período existe o esquema.
Quanto foi desviado?
A Promotoria do Patrimônio Público estima um desvio de R$ 20 milhões envolvendo apenas a família Leal.
Comprovado este esquema, a soltura dos ex-diretores atrapalharia as investigações?
Depende do que iremos ouvir deles nos depoimentos e dos demais avanços na análise dos documentos apreendidos. O que está claro é que existe um grupo que se autoprotege.
Quem faz parte desse grupo?
Todos eles (as pessoas presas). Isso é nítido, porque a maioria preferiu ficar calada durante o depoimento.
Existe mais gente neste grupo?
Certamente. Há "várias famílias". Isso está nítido. As reportagens mostraram isso. Para mim tá claro. Os vários grupos que lá estão se autoprotegem. Eles formaram um grupo de coesão, com lealdade entre eles. (KK)
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