O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, falou pela primeira vez nesta quarta-feira (7) sobre as declarações do pivô do escândalo do mensalão do DEM de Brasília, Durval Barbosa, a respeito de um suposto "rolo compressor" de denúncias que estaria por vir. Gurgel admitiu a existência de indícios que ampliariam o leque de irregularidades até agora apurado pelo inquérito da operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, que tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

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"Não sei a que ele [Durval Barbosa] estava se referindo [quando falou em rolo compressor]. Agora, as investigações que nós temos desenvolvido apontam, sim, para indícios de que o esquema de corrupção até agora apurado é bem mais amplo do que temos até agora", disse Gurgel.

Questionado se as evidências envolveriam governos passados, Gurgel foi direto: "A possibilidade evidentemente existe. Mas o que nós temos está concentrado no governo Arruda. Mas não há dúvida de que esse esquema fosse apenas uma continuidade do que já existia."

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Intervenção no DF

Sobre o despacho do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, que determinou à Procuradoria Geral da República, nesta quarta-feira, a elaboração de parecer que explique a forma e a abrangência da intervenção federal no poder Legislativo distrital, Gurgel disse que vai trabalhar para elaborar o parecer o quanto antes.

"Tão logo isso chegue à PGR, vou examinar o despacho do ministro Gilmar e vou fazer um esforço para devolver muito rapidamente esses autos ao Supremo, explicando como o Ministério Público entende que deve ocorrer a intervenção no Legislativo", declarou.

Gurgel também revelou que esperava o julgamento da intervenção para a próxima semana, o que não deve ocorrer justamente por conta do pedido de Mendes. "Havia uma expectativa do Ministério Público que isso [intervenção] pudesse ser apreciado já na próxima semana, mas agora ficará difícil com essa remessa à PGR."

O procurador-geral da República disse acreditar que o caso será levado ao plenário do STF apenas depois do dia 23 de abril, quando Mendes entregará o cargo de presidente do Supremo ao ministro Cezar Peluso.

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Sobre a necessidade de intervenção, Gurgel disse que os fatos ainda reforçam a adoção da medida. "Continuo absolutamente convencido. Gostaria muito de poder dizer que, com o passar do tempo, os fatos evidenciaram que a intervenção já não é necessária. Infelizmente, os fatos só têm evidenciado que a intervenção continua extremamente necessária", afirmou Gurgel.

Deputados distritais

O procurador-geral da República também revelou a existência de um levantamento do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios que detalharia o envolvimento de deputados distritais e suplentes no suposto esquema de corrupção. Esse material, segundo Gurgel, será utilizado na elaboração do parecer que irá justificar a intervenção no Legislativo do DF.

"O Ministério Público no DF tem um trabalho que vai levantando o envolvimento dos diversos parlamentares distritais [no suposto esquema] que chega a um volume de titulares e suplentes impressionante", disse.

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