Na sua defesa no julgamento no Senado, a presidente afastada Dilma Rousseff (PT) negou que tenha cometido qualquer tipo de crime de responsabilidade e afirmou que o processo de impeachment é um golpe de Estado.
“Estamos a um passo da concretização de um verdadeiro golpe de Estado”, disse. “Um golpe que se consumado, resultará na eleição indireta de um governo usurpador. A eleição indireta de um governo, que já na sua interinidade, não tem mulheres comandando seus ministérios, quando um povo nas urnas escolheu uma mulher para comandar o país”, completou,lembrando que presidentes anteriores, como Getúlio Vargas e João Goulart.
Leia na íntegra do discurso de Dilma no Senado
Leia a matéria completa“Ao exercer a Presidência da República, respeitei fielmente o compromisso que assumi prante à Nação e aos que me elegeram”, disse. “Não cometi os crimes dos quais sou acusada injusta e arbitrariamente. Hoje o Brasil, o mundo e a história nos observam. E aguardam o desfecho desse processo de impeachment”, defendeu-se.
Ao fim do discurso, Dilma fez um apelo aos senadores. “Peço: votem contra o impeachment, votem pela democracia.”
Ataques
A presidente afastada atacou o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que abriu o processo de impeachment. Ela disse que ele agiu por vingança e foi o “vértice de sua aliança golpista”. “Todos sabem que esse processo de impeachment foi aberto por uma chantagem explícita do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha”, completou.
Dilma também fez críticas ao governo interino de Michel Temer. Ela lembrou que não há mulheres ou negros no alto escalão do governo. Nessa parte de sua fala, ela também falou em golpe e diz que o que está em jogo são as conquistas dos últimos 13 anos e lembra de algumas bandeiras do governo PT, com referências ao Prouni, Pré-Sal e Minha Casa, Minha Vida.
“Um governo que dispensa os negros na sua composição ministerial. E já revelou um profundo desprezo pelo programa escolhido e aprovado pelo povo”, falou, em referência ao presidente interino.
Biografia
Durante o discurso, Dilma lembrou da sua luta no período da Ditadura Militar. Falou sobre tortura e o que vivenciou no período, fazendo uma comparação com o que enfrenta agora. “Tinha muito a esperar da vida, tinha medo da morte, das sequelas da tortura no meu corpo e na minha alma. Não cedi, resisti, na escuridão dos tempos amargos que o país vivia”, lembrou.
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