Pai do deputado Leonardo Picciani, ex-líder do PMDB destituído nesta quarta-feira (9) em uma articulação do grupo de peemedebistas de oposição, o presidente do PMDB-RJ, Jorge Picciani, disse que a manobra não os fará mudar de lado em relação ao impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Pai e filho são contra a saída de Dilma do cargo. “Eles [peemedebistas a favor da saída da presidente] estão tentando nos cooptar para o golpe desde julho, mas não nos sensibilizaram. Entendemos que a presidente não cometeu crime de responsabilidade e que a democracia é mais valiosa que qualquer tipo de poder. Mesmo que Leonardo fique sozinho, estará até o final com a presidente”, disse.
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Jorge Picciani liderou a dissidência do PMDB do Rio que apoiou o tucano Aécio Neves (PSDB) na disputa presidencial de 2014, mas se reaproximou de Dilma nos últimos meses. Argumenta que é preciso respeitar o resultado da eleição e diz que o PMDB deve chegar à Presidência “pelo voto, e não tirando a presidente do cargo”.
O dirigente peemedebista negou, no entanto, que, por trás do confronto com o grupo próximo ao vice-presidente da República, Michel Temer, também presidente nacional do PMDB, esteja a intenção do PMDB fluminense de ocupar o comando do partido. A convenção nacional do PMDB acontecerá em março do ano que vem. “São coisas diferentes. Eu já havia dito ao Temer que nosso sentimento é o de apoiá-lo na presidência do partido, e minha posição permanece a mesma. O PMDB do Rio deve aumentar a participação [na direção nacional do partido], mas não pretende disputar com Temer”.
O presidente do PMDB-RJ comanda a tentativa de recondução de Leonardo à liderança da bancada, com troca de parlamentares e acomodação de titulares em secretarias do município e do estado. “Pau que dá em Chico dá em Francisco. Leonardo agora é líder de metade da bancada [que não assinou a lista de destituição do líder]. Mas não descarto que ele volte à liderança. É da luta política”, afirmou.
O plano dos principais líderes do PMDB do Rio – Picciani, o governador Luiz Fernando Pezão, o prefeito Eduardo Paes e o ex-governador Sérgio Cabral – é aumentar o número de deputados fluminenses do partido, o que permitiria a Leonardo elaborar uma nova lista de apoio.
Na terça-feira, o deputado de primeiro mandato Marco Antônio Cabral, filho de Sérgio Cabral, deixou o cargo de secretário estadual de Esportes e assumiu a vaga na Câmara. Foi substituído na secretaria pelo também deputado e ex-jogador Deley, do PTB, o que abriu a vaga para um suplente peemedebista, José Augusto Nalin. PTB e PMDB fizeram parte da mesma coligação para a Câmara e por isso o suplente de um partido pode substituir o de outra legenda.
A mesma manobra levou o deputado Walney Rocha, também do PTB, para a Secretaria de Abastecimento do município. Com isso, outro peemedebista , Wilson Beserra, reforçará a bancada pró-Leonardo Picciani.
Novas mudanças estavam em estudo na noite de quarta. Titular da Secretaria de Coordenação de Governo do município do Rio, o deputado Pedro Paulo (PMDB-RJ) cogitou assumir a vaga na Câmara, mas a ideia foi abortada. A pré-candidatura de Pedro Paulo à prefeitura do Rio está em crise desde que se tornaram públicas agressões físicas e ameaças do secretário à ex-mulher.
Jorge Picciani evitou comentar o fato de o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ter apoiado o movimento que tirou Leonardo da liderança, mas criticou o companheiro de partido por ter acatado o pedido de abertura de impeachment da presidente.
Denunciado por ter na Suíça contas bancárias não declaradas à Receita Federal, Cunha desencadeou o processo de impeachment em resposta ao anúncio do PT de que votaria a favor da abertura de processo de cassação e mandato no Conselho de Ética da Câmara. “Se o pedido de impeachment tivesse legitimidade, teria sido aceito pelo presidente da Câmara depois de alguns dias de análise e não seria usado como instrumento de barganha”, disse o presidente do PMDB-RJ.
Leonardo Picciani foi um dos deputados mais próximos de Cunha e ajudou a coordenar a campanha do peemedebista para a presidência da Câmara. Pai e filho, no entanto, se afastaram de Cunha quando o presidente da Câmara anunciou o rompimento com o governo, em julho passado.