Um estudante de jornalismo da Universidade Positivo afirma ter sido agredido por seguranças da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) quando tentou acompanhar a eleição para o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Paraná (TC-PR) na tarde desta segunda-feira (15). Lucas Silveira de Lavor, de 17 anos, conta que foi confundido com um manifestante e chegou a ser hostilizado. A confusão começou quando seguranças começaram a revistar as pessoas que queriam assistir à eleição e tiravam cartazes, máscaras e mochilas, que são proibidos nas galerias da Casa.
"Um dos manifestantes começou a discutir com um policial. Eu tirei o celular e comecei a gravar. O segurança, que se identificou como policial militar, tirou o celular da minha mão. Eu expliquei que era estudante e não manifestante, e ele me mandou ficar quieto. Aí comecei a gaguejar. Um outro segurança, que era careca, pegou o meu gogó e apertou até não eu conseguir falar mais. Doeu", conta.
"Alguns manifestantes vieram me defender, diziam que eu era estudante. Uma professora assinou um papel dizendo que eu sou repórter do Teia Notícias [veículo da Universidade Positivo]. Tentei mostrar o papel e eles falaram você é estudante, não é jornalista. Eu tentava argumentar que hoje não precisa nem de diploma pra ser jornalista. Os seguranças não conseguiam deletar a gravação e me pediram pra ensinar. Quando devolveram o celular, eu saí e tentei entrar de novo. Consegui acompanhar a eleição, mas foi muito constrangedor", relata.
O estudante registrava um Boletim de Ocorrência contra o Legislativo na noite desta segunda-feira no 1º Distrito Policial, no centro de Curitiba.
Segundo a assessoria da Alep, eles não iriam comentar a agressão porque não teria havido registro de nenhum incidente durante a sessão desta segunda-feira. O setor de Comunicação da Assembleia, disse somente que não é permitida a entrada de pessoas com mochilas, máscaras, cartazes ou outros materiais dentro das galerias da Casa.
Repúdio
Guilherme Carvalho, presidente do Sindicato dos Jornalistas dos Paraná, afirma que o sindicato repudia qualquer tentativa de cerceamento do livre exercício do jornalismo. "Não é a primeira vez que acontecem fatos como esse na vida pública do Paraná, então começamos a desconfiar se há algo que tenha que ser escondido. Somos a favor da liberdade da imprensa, mesmo para estudantes universitários, que treinam para ser profissionais. Faz parte da formação atuar dentro da realidade", enfatiza.
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