Atende pelo nome de Lutjanus alexandrei a mais nova espécie de peixe do litoral brasileiro, cuja descoberta está sendo anunciada nesta sexta-feira (9/3). O bicho, um habitante dos manguezais e recifes de coral da costa nordestina com quase meio metro de comprimento, acaba de ser descrito cientificamente por uma dupla de pesquisadores, após passar décadas sendo confundido com alguns de seus "primos".
A descoberta do brasileiro Rodrigo Moura, do Programa Marinho da ONG de pesquisa Conservação Internacional (CI), e do americano Kenyon Lindeman, da Environmental Defense, está na revista científica "Zootaxa", especialmente dedicada a divulgar novas espécies para a comunidade de pesquisa.
O bicho, até onde se sabe, só existe na costa brasileira e pertence a um gênero muito importante para a pesca comercial. Parentes dele, como o caranho (L. cyanopterus), o vermelho (L. purpureus) e o dentão (L. jocu), são velhos conhecidos dos pescadores do país. Os pesquisadores desconfiaram que se tratava de uma espécie nova ao observar o peixe na natureza, em 2003. Vasculharam museus em busca dos espécimes de referência (que permitem dizer se uma espécie já é conhecida ou não) e acharam vários exemplares da espécie, só que identificados incorretamente, com o nome de peixes que, na verdade, existem no Caribe e nos Estados Unidos.
A principal marca registrada da nova espécie é o conjunto de seis barras brancas e verticais que adornam suas escamas. Há também outras características de coloração que o diferenciam dos outros membros do gênero Lutjanus. O nome de espécie, alexandrei, é homenagem a um dos heróis esquecidos da ciência brasileira. Trata-se do naturalista pioneiro Alexandre Rodrigues Ferreira (1756-1815), que recolheu milhares de espécimes os quais, mais tarde, foram roubados do Museu da Ajuda, em Lisboa, pela invasão de Napoleão. Mais tarde, várias novas espécies foram descritas a partir do material de Ferreira, sem que ele ganhasse nenhum crédito por isso.
O novo peixe leva vida dupla: passa a "infância" em manguezais, onde fica mais protegido dos predadores e tem mais recursos alimentares, e nada em direção aos recifes quando se torna adulto.
Para os pesquisadores, a descoberta ressalta justamente a importância da conexão entre os ambientes de mangue e os recifes de coral para que os recursos pesqueiros continuem vigorosos no oceano. Além disso, saber diferenciar uma espécie da outra também é importante para esse gerenciamento da pesca - do contrário, há o risco de se achar que certo peixe tem população abundante, quando na verdade há indivíduos de mais de uma espécie nesse pacote.
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