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A Federação Internacional dos Pilotos (Ifalpa) preparou um estudo exclusivo, a pedido do programa Fantástico, da TV Globo, que mostra como seria um aeroporto ideal. No documento, o aeroporto perfeito começa no projeto, as pistas não devem se cruzar e as secundárias, por onde circulam os aviões antes de pousar ou decolar, não devem cortar a principal. Um bom exemplo, segundo a Ifalpa, é o Aeroporto de Houston, nos Estados Unidos.

Existem aeroportos de todos os tipos. Há os que a pista principal cruza com uma estrada. Quando um avião vai levantar vôo, ou pousar, a estrada é fechada com cancelas. Depois que o avião passa, o caminho é reaberto. O Aeroporto de Gibraltar, um território que pertence ao Reino Unido e fica no Sul da Península Ibérica, é unico no mundo. Com carros cruzando a pista, não pode servir de exemplo.

Os pilotos querem evitar situações como a de um acidente num aeroporto americano. O avião que pousava não viu o outro, que se preparava para levantar vôo. Quatorze pessoas morreram na colisão.

Pousos e decolagens

Outra grande preocupação é em relação às áreas de escape. Quanto mais pista você tem, maior é o conforto, maior é a segurança. Segundo a organização dos pilotos, acidentes em que o avião chega ao final da pista e não consegue parar são relativamente comuns: um por semana em todo o mundo. Às vezes com conseqüências trágicas, como em São Paulo.

A área deixada no final da pista serve para dois propósitos. Tanto quando o avião decola e tem problemas e tem que abortar a decolagem, como quando ele aterrissa e ultrapassa o limite da pista. A Ifalpa recomenda que as áreas de escape tenham 300 metros.

Situação dos aeroportos no país

A maioria dos aeroportos brasileiros não tem a área de escape recomendada. O Fantástico consultou dois especialistas em aviação. O engenheiro Cláudio Alves analisou, principalmente, os cruzamentos das pistas e elogiou três aeroportos.

Analisando as plantas dos aeroportos brasileiros, você percebe que o Aeroporto de Manaus é o principal exemplo onde não há possibilidade de choque de aeronaves que estejam percorrendo vias diferentes. No Aeroporto de Brasília, as pistas são paralelas e afastadas, totalmente independentes e por isso o taxiamento pode ser feito sem interferir nos vôos. No Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, as decolagens e pousos são independentes.

O professor da Universidade de São Paulo (USP), Nicolau Gualda, disse que o Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos, também obedece às recomendações. "Há a solicitação para não cruzar a segunda pista para atingir a cabeceira de decolagem, e isso é o que acontece em Guarulhos. Há uma área de escape de 300 metros no total até o fim da pista. Guarulhos tem isso em todas as pistas."

Aeroporto de Congonhas

Gualda e Alves concordam num ponto: Congonhas. "Por se rum aeroporto dos anos 40 e 50, ele realmente não atende essas recomendações", disse o engenheiro. "Em todos os pontos ela não satisfaz o aeroporto perfeito", afirmou o professor da USP.

Segundo o estudo, é fundamental que as pistas tenham áreas de escape. Não é o que acontece em quase todos os aeroportos do Brasil - e obviamente, também não em Congonhas, onde, de um lado, a pista acaba num grande barranco e, logo depois, numa das avenidas mais movimentadas da cidade.

Para solucionar esse problema em Congonhas, aumentando a área de escapes nas duas cabeceiras das pistas, será preciso desapropriar grandes áreas. Como o aeroporto fica numa região mais elevada, seria preciso construir uma área de escape elevada, por cima das ruas. Mas alguns prédios terão de ser demolidos.

Outra opção é usar no final da pista uma espécie de caixa de concreto poroso, que segura o avião. "Levaria uma grande desapropriação na região e um grande investimento nesta estrutura. Claro que aumentaria a segurança do aeroporto. Não que o aeroporto não seja seguro, mas você aumenta a margem de segurança deste aeroporto", disse Gualda.

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