Depois de se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro de Relações Institucionais, Jaques Wagner, o presidente do PT, Tarso Genro, deixou o Palácio do Planalto com um discurso mais ameno em relação à disputa interna no partido. Tarso havia decidido, na terça-feira, desistir de concorrer à presidência do PT porque o ex-ministro José Dirceu pretende continuar na chapa do Campo Majoritário. José Dirceu, por sua vez, reafirmou que não tem planos de deixar a chapa na disputa pela presidência do partido e que não acredita ser "um problema" para o PT. Nesta quarta-feira, Tarso admitiu que poderá concorrer à presidência do partido se o perfil da chapa representar uma ruptura com a antiga direção do partido e evitou vincular a sua decisão a José Dirceu.
- Minha posição não está relacionada com nenhum nome especial, está relacionada com a natureza da transição. Se for uma transição renovadora, para mudar o estilo de direção, de organizar o partido, de estabelecer uma outra integração entre o partido e o governo, portanto, uma ruptura com o sistema anterior, eu posso ser candidato. Se por acaso os companheiros entenderem que a transição deve ser mais suave, que deve manter um relacionamento mais estreito com o sistema dirigente anterior, estou argumentando que não sou a pessoa mais indicada - disse Genro.
Tarso afirmou que não faria observações a respeito de companheiro de partido porque isso levaria a uma disputa de pessoas, e não de critérios para a organização da chapa que disputará o comando do PT nas eleições diretas do dia 18 de setembro. Ele disse que, até agora, não há prova material ou circunstancial em relação a Dirceu que autorize qualquer tipo de posição pelo partido. Tarso Genro afirmou ainda que os critérios para definição da chapa são políticos e não visam a ofender a honra das pessoas.
- Não vou tratar o assunto dessa maneira, por mais apaixonante que seja para vocês jornalistas. Isso gera conflito entre indivíduos e lideranças e meu propósito não é esse. Meu propósito é que amadureçamos rapidamente o conteúdo da chapa para definir os nomes que vão compô-la - disse Tarso, ao ser questionado se sua decisão dependeria de Dirceu.
O presidente do PT disse ainda que não estabeleceu um prazo para sua definição, pois até o fim da semana haverá conversas, mas afirmou que o prazo fatal para o registro de chapa é o dia 3 de setembro. Ele admitiu que vive um momento de dificuldade:
- Eu diria que não é uma das coisas mais fáceis da minha vida. Tarso Genro disse que conversou com Jaques Wagner e Lula sobre a situação política do país e do partido, a natureza da transição e a necessidade de mudança na condução do PT.
- Devemos trabalhar de maneira processual para que isso ocorra e no final não restem nem mortos nem feridos - disse Tarso, que preferiu não dar mais detalhes sobre o conteúdo da conversa.
Pouco antes de se reunir no gabinete do líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), com o prefeito de Aracaju, Marcelo Déda, e o assessor intenacional da Presidência da República Marco Aurélio Garcia, Dirceu respondeu a parte dos argumentos levantados pelo presidente do PT Tarso Genro para hesitar em participar das eleições do diretório.
- O que está sendo desenvolvido e formulado legitimamente, como prevê a democracia, pelo presidente Tarso Genro não é o programa da chapa. Foi o que eu disse ontem, eu não sou o problema da chapa. Não pode transformar minha presença ou não na chapa como se fosse o grande problema que o PT e a chapa têm. Eu não posso aceitar isso - disse.
Dirceu defendeu ainda a posição expressa mais tarde pelo deputado e secretário-geral do partido Ricardo Berzoini (PT-SP), de que o partido deve chegar a um consenso em encontros partidários.
- Acredito que o PT vai promover encontros municipais, estaduais e um encontro nacional e vai fazer uma eleição direta. Do debate político e das disputas entre as chapas, como é característico de uma democracia, vai se chegar a um consenso. O PT vai chegar a uma posição comum - defendeu Dirceu.
Após a reunião, o deputado seguiu para uma reunião com Berzoini no plenário da Câmara sem falar com a imprensa.
Mercadante, Déda e Garcia devem se reunir mais tarde com o presidente do PT, Tarso Genro, para tentar encontrar uma solução para a disputa entre ele e Dirceu pelo comando do partido.
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