Enrico Gianelli, ex-advogado da Gtech, afirmou, em depoimento na CPI dos Bingos nesta terça-feira, que todas as denúncias contra ele são infundadas. Ele é acusado de intermediar a contratação do advogado Rogério Buratti pela empresa para facilitar a renovação de contrato com a Caixa Econômica Federal no valor de R$ 260 milhões anuais, destinado ao gerenciamento de todo o sistema de informática e tecnologia das loterias federais. Buratti também já foi ouvido na CPI dos Correios. Gianelli depõe na condição de testemunha e assinou um termo de compromisso para dizer a verdade.

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- Nunca o Rogério (Buratti) chegou para mim e prometeu qualquer tipo de vantagem indevida. Não estou aqui para defender ninguém. Sempre que precisou fui duro - afirmou.

Sobre sua relação com Buratti, Gianelli contou que conversou diversas vezes com o advogado. Segundo ele, a relação dos dois não era apenas profissional, os dois teriam um hobby em comum: motocicletas.

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Gianelli saiu em defesa da sua ética profissional e fez questão de contar que recebeu e-mail da Gtech parabenizando o por sua atuação na empresa.

- O que me resta é minha honra como profissional. Devo confessar a vocês que dediquei minha vida a isso. Perdi o nascimento da minha filha por causa disso e o primeiro Dia dos Pais. Para mim, é muito penoso estar aqui, tendo a certeza que meu dever foi cumprido - afirmou.

O depoimento mais aguardado na CPI dos Bingos desta terça é de Juscelino Dourado, chefe de gabinete do ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Ele vai depor para explicar sua relação com o advogado Rogério Buratti, que acusa o ministro Antonio Palocci de receber R$ 50 mil por mês de uma empreiteira quando era prefeito de Ribeirão Preto num esquema de corrupção para favorecer o PT. Juscelino Dourado admitiu ter recebido Buratti pelo menos nove vezes no prédio do Ministério da Fazenda desde o início do governo Lula.

A terça-feira tem outros depoimentos marcados. A CPI do Mensalão ouve José Carlos Batista, sócio da Guaranhuns Empreendimentos, empresa que está sob suspeita de participar do esquema de lavagem de dinheiro montado pelo empresário Marcos Valério. O Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu hábeas-corpus ao empresário, que terá, portanto, o direito de permanecer calado, de não se incriminar e de somente apresentar sua versão dos fatos em juízo, sem o risco de ser preso durante seu depoimento.

O relator da matéria, ministro Marco Aurélio de Mello, afirmou que o direito ao silêncio "é assegurado constitucionalmente a todo aquele que, sob a custódia, ou não, do Estado, é convocado para depor e vê-se alvo de investigação".

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O depoimento da presidente do Banco Rural, Kátia Rabello, que estava marcado para hoje, foi adiado para o dia 6 de setembro. A dirigente será ouvida pela sub-relatoria de Movimentação Financeira da CPI dos Correios. O horário e o local do depoimento ainda não foram marcados.