A ex-contadora do doleiro Alberto Youssef, Meire Poza, revelou nesta quarta-feira (8) que o então ministro das Cidades Mário Negromonte indicou ao doleiro Youssef a compra de uma empresa de rastreamento de veículos de Goiânia (GO). A ex-contadora afirmou ainda que durante os anos em que prestou serviços para o doleiro, emitiu R$ 7 milhões em notas fiscais frias.
As declarações foram dadas durante depoimento à CPI mista da Petrobras no Congresso nesta quarta (8). Negromonte, que era deputado federal pelo PP da Bahia, renunciou ao cargo para se tornar conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios, por indicação do governo Jaques Wagner (PT).
Poza fez a referência quando dizia aos parlamentares que não tinha informações sobre contratos de empreiteiras ligadas ao esquema de Youssef com a Petrobras, mas disse que o doleiro podia ter dado presentes a servidores da estatal além do ex-diretor Paulo Roberto Costa. Ele ganhou uma Land Rover do doleiro quando ainda era diretor da estatal.
A contadora disse ainda que o doleiro pagou a viagem em um jatinho para o deputado André Vargas (sem partido-PR) em janeiro deste ano e comprou um helicóptero no valor de R$ 800 mil para o deputado Luiz Argôlo (SDD-BA).
Poza contou também que o assessor pessoal de Youssef, Rafael Lopes, ganhou um carro e um apartamento de presente e uma amante do doleiro, de nome Taiana, ganhou três restaurantes. "Um dos restaurantes, no Itaim Bibi [bairro de São Paulo] funcionava de noite e o Alberto sempre pedia para que as pessoas fossem lá prestigiar. Um dos que ia muito era o Mário Negromonte. Estive várias vezes com ele lá", disse.
Segundo reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo", Taiana de Sousa Camargo foi contratada como assessora parlamentar da deputada Aline Corrêa (PP-SP) a pedido de Youssef. Em seguida, Poza afirmou que Negromonte indicou a compra da empresa Controle e Monitoramento de Veículos. Segundo ela, a compra efetivamente ocorreu.
"Depois, vim a saber que essa empresa teria sido indicada pelo então ministro das cidades Mário Negromonte. Havia uma aprovação do Denatran para que os carros saíssem já com o dispositivo de monitoramento. Só havia cinco empresas homologadas no país, e essa empresa de Goiânia era uma das homologadas", afirmou.
Esta é a segunda vez que Meire comparece ao Congresso para prestar esclarecimentos sobre as suas atividades junto às empresas de Youssef. Durante o seu depoimento, a contadora admitiu ter emitido R$ 7 milhões em notas frias para lavar dinheiro desviado pelo esquema.
Segundo Meire, ela recebia R$ 15 mil mensais para prestar os serviços para Youssef. "A minha empresa tem atividades, eu tenho clientes e presto serviços. [Emiti} R$ 7 milhões [de notas frias]. Mas a minha empresa tem atividade. A minha empresa é uma empresa de contabilidade e a exceção foram essas notas", disse.
O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), questionou a contadora sobre quanto ela teria emitido em notas fiscais legais no mesmo período para comparar a atividade da empresa. Poza afirmou não se recordar e os dois bateram boca. "A senhora se lembra quanto emitiu para os outros e não sabe o que sua empresa fez legalmente?", questionou Cunha.
O peemedebista prometeu apresentar um requerimento para quebrar o sigilo fiscal e bancário da contadora e outro para reconvocá-la. "Não vamos tratar quem participa de um esquema como se fosse colaborador", disse.
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