Ex-diretor de Engenharia e Serviços da Petrobras, Renato Duque informou que vai acionar na Justiça, por crime contra a honra, o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, por apontá-lo como beneficiário de propina em esquema de corrupção na estatal. Segundo ele, uma ação será ajuizada ainda nessa sexta-feira, 10, pois o delator o acusou "falsamente, e sem apresentar provas", de participar de um esquema ilícito envolvendo empreiteiras.

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"Se ele (Paulo Roberto) falou alguma coisa no meu nome, vai ser processado. Não quero saber se ele tem tornozeleira, se ele é dedo-duro, não importa. Ele vai ser processado e vai ter de responder ao que está falando", declarou, acrescentando: "Tenho minha consciência tranquila, sei o que fiz e o que não fiz".

Em depoimento à Justiça Federal, após firmar acordo de delação premiada para obter redução de pena, Paulo Roberto afirmou que Duque recebia "valores" de fornecedores da Petrobras. Segundo ele, empreiteiras pagavam o equivalente 3% do valor dos contratos ao PT. O esquema teria participação do tesoureiro do partido, João Vaccari Neto.

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Questionado, o delator disse que Duque era um dos dirigentes que recebiam recursos ilegais. "Dentro da Área de Serviços, tinha o diretor Duque, que foi indicado pelo ministro da Casa Civil, José Dirceu. E ele tinha essa ligação com o João Vaccari dentro desse processo do PT", afirmou.

Paulo Roberto apontou também o ex-diretor Internacional, Néstor Cerveró, como um dos beneficiados. Procurado, o advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, disse que as declarações podem ter sido um "ato falho", pois seu cliente deixou o cargo em 2008, antes das supostas irregularidades investigadas na Operação Lava Jato terem ocorrido.

Segundo o advogado, Cerveró nega qualquer envolvimento no esquema e é necessário ter "cautela" em relação às denúncias, pois elas foram feitas por um Paulo Roberto "sob pressão". "A delação não foi espontânea. Ele estava preso, sob a perspectiva de ter a família presa e processada. Na ânsia de voltar para casa, pode ter aumentado suas declarações para satisfazer ao Ministério Público e à magistratura", argumentou, acrescentando que o acordo, nessas condições, é "nulo".