O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, em prisão domiciliar desde outubro do ano passado, prestou depoimento nesta terça-feira (2), à Justiça Eleitoral, no Rio de Janeiro, sobre a suspeita de repasse de recursos desviados da estatal em forma de doações oficiais à campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff em 2014. O doleiro Alberto Youssef, principal alvo da Operação Lava Jato, será ouvido na próxima terça.
Ministro como testemunha
Os ex-deputados André Vargas (sem partido-PR) e Luiz Argôlo (SD-BA), presos na Operação Lava Jato, incluíram o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, dentre suas testemunhas de defesa, nos processos a que respondem por envolvimento no esquema. Já o também ex-deputado Pedro Corrêa (PP-PE), também investigado na Lava Jato, colocou em seu rol de testemunhas outros três deputados investigados: José Otávio Germano (PP-RS), Nelson Meurer (PP-PR) e Waldir Maranhão (PP-MA).
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Segundo os procuradores, Avancini, Leite e Auler integraram o núcleo empresarial do esquema, que pagava de 1% a 3% de propina a agentes públicos indicados por PT, PMDB e PP em diretorias da Petrobras
Leia a matéria completaCosta foi questionado se houve pagamento de propina aos partidos da coligação liderada pelo PT, conforme alegação do processo movido pelo PSDB no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O teor do depoimento, entretanto, não foi revelado.
Nos depoimentos dados à força-tarefa da Operação Lava Jato, e também à CPI da Petrobras, Costa já relatara o suposto pagamento de R$ 2 milhões à campanha de eleição de Dilma, em 2010. Segundo ele, o repasse havia sido feito a pedido de Youssef, que nega a acusação Costa.
O corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro João Otávio de Noronha, havia negado, em abril, pedidos de colheita de provas e inquirição de testemunhas na ação. Noronha, então, reconsiderou a decisão. As denúncias sobre a campanha de 2010 não são objeto da análise dessa ação no TSE, que investiga a campanha eleitoral de 2014.
Costa depôs por cerca de 40 minutos na sede do Tribunal de Justiça do Rio. Ele chegou em viatura da Polícia Federal (PF) às 8h30, e aguardou pelo depoimento na carceragem. Na saída, estava no banco de trás do carro da PF, entre dois agentes federais.
Além do ex-diretor e do doleiro Youssef, o servidor público Herton Araújo, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), foi listado como testemunha na ação. Ele prestou depoimento na semana passada, em Brasília, sobre a “suposta sonegação de dados relativos ao quadro socioeconômico do país ao longo do pleito de 2014”, de acordo com o despacho judicial.
A Ação de Investigação Judicial Eleitoral foi aberta a pedido do PSDB, que questiona a campanha da presidente por “abuso do poder econômico e político” e “obtenção de recursos de forma ilícita”. O processo foi aberto em 18 de dezembro, mesmo dia da diplomação da presidente reeleita.
De acordo com despacho do ministro do TSE João Otávio de Noronha, a ação “examina a suposta obtenção de recursos de forma ilícita de empresas prestadoras de serviço à Petrobras, repassados aos partidos integrantes da coligação formada em apoio dos candidatos representados e vertidos para a campanha eleitoral”.
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