Ex-deputado Pedro Corrêa está preso em Curitiba.| Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo

Em audiência na Justiça Federal na terça-feira (23), o ex-gerente do Posto da Torre Ediel Viana da Silva admitiu perante o juiz Sergio Moro, que conduz as ações da Lava Jato no Paraná, ter entregue dinheiro vivo no apartamento do ex-deputado Pedro Corrêa (PP-PE), condenado no mensalão e réu na Lava Jato.

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Elencado como testemunha de acusação na ação penal contra o ex-parlamentar, Ediel Viana decidiu colaborar voluntariamente com a Justiça e contar o que sabe sem, contudo, firmar um acordo de delação premiada como fizeram outros réus. Apesar de não se recordar em detalhes, ele explicou que o Posto da Torre, que deu origem às investigações da Lava Jato (inicialmente concebida para apurar as suspeitas de lavagem de dinheiro no posto), recebia “empréstimos” do doleiro Alberto Youssef.

Essa quantia recebia pelo doleiro ficava na conta do estabelecimento e, de acordo com Ediel, frequentemente iam pessoas ao local para buscar dinheiro da conta de Youssef. Ao ser questionado pelo Ministério Público Federal, Ediel afirmou que o esquema começou “por volta de 2005 e 2006”, período que coincide com o estouro do escândalo do mensalão, no qual estava envolvido Pedro Corrêa.

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Ediel Viana afirmou ainda ter visto Pedro Corrêa no Posto duas vezes na sala do dono do estabelecimento Carlos Habib Chater, também investigado na Lava Jato, mas não soube falar se ele foi lá buscar dinheiro. Ele, contudo, afirmou ter entregue “pessoalmente” dinheiro no apartamento de Pedro Corrêa em Brasília em duas ocasiões, a partir de 2006. “Tinha uma senhora na época que recebeu [no apartamento de Pedro Corrêa] não sei se era alguma coisa da família. Acho que nas duas vezes foi uma senhora que recebeu (o envelope com dinheiro)” afirmou ao ser indagado pela defesa de Corrêa sobre as entregas. Em uma das ocasiões ele ainda afirmou ter visto o ex-parlamentar na sala do apartamento.

Pedro Corrêa atualmente está preso no Paraná e antes mesmo de cumprir sua pena de sete anos e dois meses de prisão no mensalão se tornou réu de uma ação penal na Lava Jato na qual ele é acusado de receber R$ 40,7 milhões em propinas entre 2004 e 2014 por meio do esquema de desvio de dinheiro na diretoria de Abastecimento da Petrobras, comandada por Paulo Roberto Costa até 2012, para abastecer políticos do PP. Na denúncia, o MPF atribui a Pedro Corrêa 280 atos de corrupção, 568 atos de lavagem de dinheiro e 123 atos de peculato. O ex-parlamentar vem negando as acusações contra ele.