Após conclusão do segundo exame para atestar o fim da atividade cerebral, a morte da ex-primeira-dama Marisa Letícia da Silva foi declarada oficialmente às 18h57 desta sexta-feira (3). Ela estava internada no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, desde 24 de janeiro, após sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC). O quadro dela foi declarado como irreversível pelos médicos na noite de quarta-feira (1º).
A informação da morte da ex-primeira-dama foi confirmada via Facebook pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já havia autorizado a doação dos órgãos da companheira. Na postagem, ele confirmou que o velório de sua esposa será realizado das 9 às 15 horas deste sábado (4) no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, onde ambos se conheceram. Marisa Letícia será cremada em seguida no Cemitério Jardim da Colina, em uma cerimônia reservada à família.
Com ascendência italiana por parte do pai e da mãe, Marisa Letícia nasceu em 7 de abril de 1950 em São Bernardo do Campo. A ex-primeira-dama deixa quatro filhos, um de seu primeiro casamento e três do casamento com Lula. Segunda mulher do ex-presidente, esteve ao seu lado desde que ele ingressou na política, quando era presidente do Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo do Campo, no ABC paulista.
Luto oficial pela morte
Em nota oficial, o presidente Michel Temer informou que lamenta “profundamente “ a morte de Marisa Letícia e transmitiu à família as “mais sinceras condolências”. O mandatário também decretou luto oficial de 3 dias.
Com um perfil discreto, Marisa evitou entrar nas campanhas presidenciais do marido até 2002, quando percebeu a necessidade de conquistar os votos femininos na campanha presidencial que garantiu a vitória a Lula.
Conquistada a Presidência, mais uma vez saiu dos holofotes. Durante os oito anos de mandato de Lula, Marisa não participou ativamente de nenhuma política pública. Como primeira-dama, esteve mais voltada às tarefas internas do Palácio. Era responsável, por exemplo, por organizar anualmente a festa junina na Granja do Torto, uma das residências oficiais da Presidência.
Antes de Lula chegar à presidência, Marisa Letícia atuou como militante do PT, mas nunca se posicionou como liderança dentro do partido. De origem humilde, ela começou a trabalhar aos nove anos, como babá das sobrinhas do pintor Cândido Portinari. Aos 13, embalava bombons na fábrica Dulcora, onde ficou até os 21 anos, época em que sua vida foi marcada por uma tragédia.
O primeiro marido de Marisa era taxista e foi assassinado em uma tentativa de assalto quando ela estava grávida do primeiro filho – Marcos. Depois de morar com os sogros por cerca de um ano, Marisa voltou para a casa da mãe e começou a trabalhar em um bar na região.
Foi no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo que Marisa Letícia conheceu Lula em 1973. Na época, ela era viúva e tinha um filho pequeno. Entre o primeiro encontro e o casamento com Lula – também viúvo na época – foram sete meses. Juntos, tiveram três filhos e dois netos.
Em 1980, ela confeccionou a mão a primeira bandeira do partido e era responsável pelas fichas de inscrição para filiação a legenda. No mesmo ano, quando Lula foi preso por sua atuação no Sindicato dos Metalúrgicos, Marisa ajudou a organizar passeatas e mobilizar o partido.
Conhecida pelo “sangue quente”, dona Marisa era quem cuidava das finanças da casa e “quem mandava” no lar, segundo relatos do próprio ex-presidente.
Polêmicas
Marisa Letícia respondia a dois processos na Justiça Federal de Curitiba relacionados à Operação Lava Jato. Em um deles, o Ministério Público Federal (MPF) acusa Lula e Marisa de receberem um tríplex no Guarujá, Litoral norte de São Paulo, da empreiteira OAS como parte do pagamento de propina por obras na Petrobras.
No outro processo, o casal foi denunciado por irregularidades no aluguel de uma cobertura em São Bernardo e na compra de um terreno onde seria construída uma nova sede para o Instituto Lula, em São Paulo.
Marisa e Lula também respondiam a um inquérito da Polícia Federal que investiga se eles são os reais proprietários de um sítio em Atibaia. Segundo um laudo da PF, uma perícia no local encontrou indícios de que quem utilizava o imóvel era o casal, e não os proprietários formais.
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