A ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira confirmou em seu depoimento à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, nesta terça-feira (18), que teve uma reunião secreta com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, onde ela teria pedido para "agilizar" a investigação das empresas do filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Ela começou falando de seu currículo profissional, e depois tocou no assunto pelo qual foi convidada à comissão. "Estou aqui como cidadã para prestar esclarecimentos sobre os fatos publicados pela imprensa que denunciam a possível interferência da ministra da Casa Civil em assuntos da Receita Federal", disse Lina.
"O encontro houve e reintero a entrevista que concedi ao jornal Folha de S. Paulo. A ministra-chefe da Casa Civil me chamou ao seu gabinete e nesse encontro, a sós, me pediu para agilizar investigações sobre o filho de Sarney (Fernando Sarney). Confirmei ao jornal e volto a confirmar aqui", afirmou Lina.
A ex-secretária negou que estivesse magoada por ter deixado o comando da Receita Federal. "Recebi como natural a minha exoneração e nao questionei em momento algum. Não há sentimento de mágoa por ter deixado o cargo de chefe da Receita Federal", afirmou Lina.
Lina também disse que não teve intenção de alimentar a polêmica com Dilma. "Não procurei o jornal. O que ocorreu é que fui procurada pelos repórteres para confirmar uma história. Não busquei, nem desejei essa exposição. Não vim a essa comissão fazer jogo de 'A' ou de 'B' ou alimentar polêmicas", disse.
A ex-secretária também afirmou que voltaria a confirmar a versão do suposto encontro com Dilma. "Tudo que foi dito, voltarei a repetir em qualquer instância", afirmou.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou na polêmica para defender a ministra da Casa Civil. Nesta segunda-feira (17), ele disse que a ex-secretária da Receita Federal tem de apresentar a agenda onde constaria a reunião.
"Seria tão mais simples e fácil [provar] o que a secretária diz, que encontrou com a Dilma. Não precisaria nem gastar dinheiro, comprar passagem, ir ao Congresso. Era só pegar as duas agendas [da ministra e da ex-secretária] e ver o que aconteceu", disse Lula.