Leonardo Meirelles, ex-sócio do doleiro Alberto Youssef, afirmou nesta quinta-feira (24) à CPI da Petrobras que entregou provas à Procuradoria-Geral da República sobre a operação de transferência de recursos destinados a pagar propina ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Segundo a denúncia da PGR feita contra Cunha, o lobista Julio Camargo transferiu recursos a empresas de Meirelles no exterior que, posteriormente, foram entregues em espécie ao doleiro Alberto Youssef para que fossem levados a Cunha.
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Leia a matéria completaQuestionado sobre esse assunto pelo deputado Ivan Valente (PSOL-SP) durante depoimento à CPI, Meirelles afirmou que não poderia dar detalhes porque está negociando um acordo de delação premiada que inclui essas informações. O acordo ainda não foi assinado. “Todas as informações pertinentes a todas as questões já foram entregues no juízo e estão fazendo parte de um acordo que está sendo feito [na PGR]”, afirmou.
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Leia a matéria completaTambém questionado, disse não conhecer Julio Camargo e que só conheceu o lobista Fernando Baiano, apontado como intermediador da propina para Cunha, “de vista”. Meirelles chegou a viajar para a China levantar informações de contas bancárias que mantinha naquele país para entregar aos procuradores.
Em sua delação, Julio Camargo disse que pagou US$ 5 milhões em propina para Cunha, por um contrato na diretoria Internacional da Petrobras. Outro delator, o ex-gerente Eduardo Musa, também afirmou que Cunha tinha a última palavra em indicação para a diretoria. Cunha nega o recebimento de propina e aponta que a PGR forçou Camargo a mudar seu depoimento para incriminá-lo.
Laboratório
Meirelles se tornou sócio de Youssef no laboratório Labogen, que tentou produzir medicamentos em parceria com o Ministério da Saúde mas a parceria foi suspensa depois da deflagração da Operação Lava Jato. Ele relatou que Youssef o procurou para que, por meio de suas empresas, auxiliasse na lavagem de recursos ilícitos do doleiro.
Isso porque houve suspeitas de que o então deputado André Vargas (sem partido-PR), à época do PT, tenha usado influência junto ao ministério para conseguir a assinatura do acordo. Vargas, que era vice-presidente da Câmara, atualmente se encontra preso em consequência da Lava Jato. “Todas as reuniões que eu tive para tratar da Labogen foram aqui na Casa, no gabinete da vice-presidência”, afirmou Meirelles.
À CPI, Meirelles ainda indicou ter entregue aos investigadores evidências de que seu ex-sócio Youssef mantém patrimônio em sociedades com empresas no exterior que foram ocultados das autoridades brasileiras no acordo de colaboração firmado pelo doleiro. Meirelles havia dito isso em entrevista em fevereiro. “As informações que foram prestadas já estão com a Justiça e está sendo dada a devida apuração”, afirmou à CPI.
Ele disse ainda ter movimentado cerca de US$ 120 milhões no esquema de lavagem, junto ao doleiro Youssef. Nos autos de um processo, a defesa de Youssef já criticou as acusações de Meirelles e disse que ele é “mentiroso”.
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