Cerca de 200 homens do Exército ocupam nesta terça-feira a Rocinha, em São Conrado. Duas pessoas ficaram feridas na operação: um morador e um pára-quedista da tropa. O morador, identificado como David Gomes de Oliviera, levou um tiro na perna, em circunstâncias ainda não esclarecidas. E o militar atirou no próprio pé, por acidente. Os dois foram levados para o Hospital Miguel Couto, no Leblon.
Pela manhã, os militares passaram em comboio pelas ruas Jardim Botânico e Marquês de São Vicente. Eles chegaram à Estrada da Gávea por volta das 10h30m. Traficantes da localidade do Terreirão fizeram disparos para o alto e houve queima de fogos quando os soldados entraram na comunidade. À tarde, foram ouvidos mais disparos e a explosão de uma granada.
Há informações de que bandidos da Rocinha zombaram da ação do Exército depois que soldados jogaram de helicóptero panfletos explicando a presença na comunidade e pedindo apoio à população. Os traficantes, que se comunicavam por radiotransmissores, liam e riam do que estava escrito nos panfletos.
Dois carros blindados da Polícia Militar também estão na favela. Um prédio da prefeitura, em São Conrado, está sendo usado como base da operação. O Comando Militar do Leste (CML) informou que a ocupação é por tempo indeterminado. Ônibus e vans não estão podendo circular na favela e os moradores têm que subir o morro a pé. Pessoas são revistadas no Largo do Boiadeiro.
O presidente da Associação de Moradores União Pró-Melhoramento, William Oliveira, contou que a chegada dos militares provocou alguns sustos. Segundo ele, no momento da ocupação cerca de 200 crianças participavam de um projeto social-esportivo na entrada da Rocinha:
- Houve corrreria e os moradores ficaram assustados.
Segundo William, a Via Ápia foi interditada pelo Exército. Só é liberada a passagem de motos. A Estrada da Gávea estaria em mão única, apenas para descida.
Busca também na vizinhança da Vila Militar
Os militares também fizeram operação na favela Curral das Éguas, em Magalhães Bastos, perto da Vila Militar, na Zona Oeste da cidade. Cerca de 300 homens, com apoio de seis blindados M-113, chegaram pela manhã e deixaram a comunidade às 13h. Os soldados cumpriram quatro mandados de busca e apreensão, mas só encontraram, escondidos em tijolos num muro, material para embalar drogas e algumas poucas balas de calibre 5.56 (diferente do usado nas armas roubadas). Não houve confronto com traficantes, que ficaram monitorando de longe a ação das tropas. Policiais da 33ª DP (Realengo) deram apoio.
Nova fase começou na Maré e no Dendê
Na nova fase da operação para recuperar armas roubadas de um quartel no dia 3, o Exército troca as ocupações prolongadas da Operação Asfixia por ações pontuais, de inteligência, com base em informações e investigações, o que dá mais mobilidade às tropas. Na segunda-feira, soldados do Exército fizeram uma operação na favela Vila dos Pinheiros, no Complexo da Maré, que durou cerca de três horas. Dois tanques ficaram posicionados na Linha Vermelha, uma das principais vias de acesso à cidade. Uma das faixas da via expressa, no sentido Centro, chegou a ser interditada. Também na segunda homens do 3º Batalhão de Infantaria de São Gonçalo cercaram o Morro do Dendê, na Ilha do Governador.
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