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"Não tinha como controlar a presença"

O prefeito Beto Richa (PSDB) comentou ontem pela primeira vez o resultado da sindicância realizada pela Assembléia Legislativa sobre o caso da "sogra fantasma", Verônica Durau. Segundo o prefeito, não havia como ele fiscalizar a presença de todos os funcionários do próprio gabinete entre 1996 e 2000, quando ele foi deputado estadual e Verônica era funcionária sua. "Eu não tinha como controlar a presença de todos os funcionários. Nenhum deputado tem como controlar. Não podia ficar controlando que horas entrou, que horas saiu", disse.

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Depois de um mês da exoneração do chefe de gabinete de Beto Richa, a prefeitura de Curitiba admitiu ontem que Ezequias Moreira Rodrigues nunca deixou a administração municipal. A exoneração – ocorrida após o envolvimento dele no caso da "sogra fantasma" – foi apenas do cargo que Ezequias ocupava, de chefe de gabinete. Mas ele não foi nem será devolvido, ao menos por enquanto, para a Sanepar, empresa que o cedeu à prefeitura. E continuará, portanto, prestando serviços ao município em outra função.

A revelação sobre a real situação funcional de Ezequias só veio à tona após a Gazeta do Povo ter publicado, ontem, reportagem em que informava que Ezequias não tinha retornado ao trabalho na Sanepar. A estatal informou não ter recebido um ofício pedindo o cancelamento da disposição funcional e, por isso, continuava pagando o salário de Ezequias normalmente, por meio de um acordo que tem com a administração municipal. Na quarta-feira, a prefeitura resolveu não se pronunciar sobre o caso.

Porém, a administração municipal ontem explicou a real situação de Ezequias. "Ele está à disposição da prefeitura. Não precisa ter função ou cargo para isso. Pode continuar na prefeitura sem cargo de confiança", disse o secretário municipal de Recursos Humanos, Arnaldo Bertone. O secretário afirmou que outros funcionários do estado estão trabalhando na prefeitura nas mesmas condições.

A prefeitura ainda informou à Gazeta que Ezequias, em 17 de agosto, um dia após sua exoneração do cargo de confiança, pediu licença das funções dele na prefeitura, por motivos particulares. A licença termina hoje. No documento, Ezequias pede para que o município comunique esse pedido à Sanepar. Segundo o município, nesse período de um mês em que não trabalhou, Ezequias continuou recebendo salário porque está apenas de licença por motivos particulares. "Segunda-feira ele tem que fazer como qualquer funcionário e se apresentar no local para trabalhar", disse Bertone.

A revelação de que Ezequias nunca deixou a prefeitura revela que as denúncias que o envolveram não tiraram a confiança do prefeito Beto Richa em seu ex-chefe de gabinete. Ezequias inclusive chegou a confessar publicamente, por meio de uma carta entregue para a comissão de sindicância da Assembléia Legislativa, que ele sabia que a sogra dele, Verônica Durau, recebia salário do Legislativo sem trabalhar. A Assembléia, nesta semana, concluiu que Ezequias foi um dos culpados por ter mantido uma funcionária fantasma no Legislativo.

O ex-chefe de gabinete de Richa é funcionário da Sanepar desde 1983, no cargo de analista processos organizacionais. Estava no gabinete do prefeito desde o início da gestão, em 2005. Foi exonerado do cargo no dia 16 de agosto, uma semana depois de divulgada a denúncia de que sua sogra era funcionária fantasma na Assembléia.

Ezequias está cedido para a prefeitura pela Sanepar, que deposita o salário dele (valor não-informado) mensalmente. Por meio de um acordo com a estatal, a prefeitura devolve esse valor todos os meses à Sanepar. O artifício é usado para que Ezequias não perca direitos como funcionário concursado da Sanepar.

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