O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos da Silva Bueno, admitiu nesta terça-feira (21), em audiência pública no Senado, a possibilidade de que o controle aéreo foi induzido a uma falha em razão da falta de comunicação do vôo do Legacy antes de chocar-se com o Boeing que fazia o vôo 1907 da Gol, que levou à morte de 154 pessoas.
Com o cuidado de falar sobre sua experiência como piloto da Aeronáutica e não baseado em fatos da investigação do acidente, Bueno afirmou que o Legacy perdeu comunicação com Brasília e deixou de transmitir em qual altitude estava; o radar, então, teria mantido os dados do plano de vôo. Ou seja, no radar o Legacy estaria a 36 mil pés (conforme o plano de vôo e a última informação transmitida pelo transponder), mas, na realidade, estava a 37 mil pés.
"O controlador estava certo de que (o Legacy) estava em 360 (jargão para 36 mil pés). Acho que o controlador teria uma indução de que estava a 360. Ele não tinha sombra de dúvida de que estava a 360", afirmou Bueno. "Para nós não houve falha de equipamento. Foi uma série de casualidades", disse mais tarde explicando a afirmação.
Segundo o comandante, ainda não está claro na investigação porque a comunicação dos pilotos do Legacy e o transponder voltaram a funcionar somente após colisão.
O choque com o Boeing da Gol ocorreu justamente a 37 mil pés. De acordo com o plano, o Legacy decolaria a 37 mil, cairia para 36 mil quando passasse por Brasília e após um ponto virtual após a capital federal subiria para 38 mil pés de altitude.
O ministro da Defesa, Waldir Pires, voltou a dizer que a torre de São José dos Campos deu uma orientação "inadequada" de que o Legacy, da empresa norte-americana Excell Aire, decolasse e mantivesse os 37 mil até a proa de Manaus. No entanto, ele eximiu o controle aéreo de ser o único responsável pelo choque. "Não dá para fazer a presunção definitiva de que foi o controle. Talvez, o avião desligou ou manteve em stand-by o transponder", disse Pires na audiência.
Segundo as investigações, o transponder do jatinho voltou a funcionar depois de dois a três minutos da colisão com o Boeing. Durante os instantes em que o Legacy perdeu contato com a torre, houve de seis a oito tentativas sem sucesso de contato dos controladores com os pilotos americanos Jan Palladino e Joseph Lepore. Os dois permanecem no Brasil, com os passaportes retidos pela justiça enquanto continuam as investigações sobre o pior acidente aéreo da história brasileira.
Participam da audiência pública também o presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, o presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, o presidente do sindicato das empresas aeroviárias, Marco Antonio Bologna, e o presidente do sindicato de controladores, Jorge Botelho.
Familiares de vítimas do acidente acompanham a audiência pública, assim como a maioria dos brigadeiros que compõem o comando da Aeronáutica.
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Cidade dos ricos visitada por Elon Musk no Brasil aposta em locações residenciais
Doações dos EUA para o Fundo Amazônia frustram expectativas e afetam política ambiental de Lula
Painéis solares no telhado: distribuidoras recusam conexão de 25% dos novos sistemas
Deixe sua opinião