Os pais de Gilmar Yared, um dos rapazes que morreu no acidente envolvendo o ex-deputado Fernando Ribas Carli Filho há dois meses em Curitiba, enviaram na tarde desta quarta-feira (15) cartas a todos os partidos políticos com diretórios no Paraná. A mensagem pede que os líderes partidários recusem possíveis pedidos de filiação de Carli Filho até o julgamento do caso.
Gilmar e Christiane Yared encaminharam a correspondência para 27 presidentes de partidos. No documento, eles dizem que o ex-deputado estaria "preparando a opinião pública em suas bases eleitorais, pela mídia (inclusive outdoor), para sua volta política." Para isso, Carli Filho precisa de uma nova legenda, já que foi expulso do PSB, partido pelo qual foi eleito deputado em 2006.
A família teme que Carli Filho seja eleito para um novo mandato político e volte a ter foro privilegiado. "Nós acreditamos nos partidos e por isso pedimos para que não filiem o ex-deputado até o julgamento, para que possamos ter um julgamento justo", disse Christiane. Para ela, os partidos são responsáveis pela conduta de seus filiados.
O primeiro sinal da possível volta de Carli Filho veio em uma entrevista coletiva concedida pelo pai dele, Fernando Ribas Carli, que é prefeito de Guarapuava, região central do Paraná. O pai disse que nada impedia seu jovem filho de voltar a disputar uma eleição.
Outro sintoma de um provável desejo de Carli Filho de voltar à vida pública foram outdoors espalhados em Guarapuava, reduto político dele e de sua família, com mensagens de agradecimento. "Agradeço a Deus pela vida e a todos que estão orando por mim. Fernando Carli Filho", diziam os cartazes.
Em entrevista à Gazeta do Povo, na qual foram barradas várias perguntas ligadas ao andamento da investigação e ao impacto do que aconteceu, Carli Filho não deixou claros seus planos para a política. Sobre a carreira, o ex-deputado disse: "Eu tinha um roteiro puxado. De segunda a quinta em Curitiba e nos finais de semana rodando pela região. Eu amava o que eu fazia, mas não sei por que, de repente, mudou tudo. Materialmente eu ainda não tenho nada claro. Preciso primeiro me encontrar espiritualmente."
Entenda o caso
O violento acidente aconteceu na madrugada do dia 7 de maio. O então deputado dirigia um Volkswagen Passat de cor preta, que acabou batendo contra um Honda Fit de cor prata. Após a colisão, os carros foram parar em uma via local paralela à Monsenhor Ivo Zanlorenzi. Pedaços de lataria, vidros e ferros ficaram espalhados por cerca de cem metros. Os dois ocupantes do Honda, morreram no local.
O acidente ganhou repercussão nacional após a Gazeta do Povo revelar que Carli Filho tinha 130 ponto na carteira de habilitação e do exame do Instituto Médico Legal informar que ele conduzia o veículo em estado de embriaguez. O caso resultou na primeira renúncia de um deputado estadual na história do Paraná. Além disso, expôs um histórico de multas de políticos e de 68 mil cidadãos que dirigiam com a carteira de habilitação suspensa.
Depois da colisão, o governo do estado anunciou que passaria a "caçar" os motoristas não devolvessem carteiras de habilitação suspensa 48 horas depois de serem notificados. A Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) anunciou que poderia inclusive prender sob flagrante de crime de desacato quem não devolvesse o documento.
As investigações sobre o caso devem se encerrar até o dia 5 de agosto.
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