A fazenda do traficante Gustavo Duran Bautista, que pertencia ao mesmo cartel de Juan Carlos Abadia, foi invadida neste domingo por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A propriedade do traficante, preso há alguns dias no Uruguai, exportava frutas para Europa em caixas recheadas de cocaína. Em sua primeira entrevista em 20 anos, Abadia disse ao "Fantástico", da Rede Globo, se considerar uma "batata quente" para o Brasil.
Os integrantes do MST invadiram a fazenda minutos depois de um assalto. Homens armados chegaram em um caminhão, renderam o vigilante e o operador da câmara fria - equipamento que conserva as frutas. Eles foram trancados no banheiro, de onde só conseguiram sair pelo telhado, quatro horas depois.
- Depois que eles saíram, que vimos que não tinha ninguém, tentamos fugir. Chamamos a polícia pelo rádio - conta o funcionário da fazenda José Paulo Monteiro Filho.
Os bandidos esvaziaram o depósito de adubos e defensivos agrícolas. A fazenda do traficante colombiano Gustavo Duran Bautista tem cerca de cem hectares irrigados de uva e manga para exportação. A produção anual é de 1.200 toneladas.
Da casa, Duran Bautista comandava o carregamento de cocaína para a Holanda. A droga era embalada em fundos falsos de caixas de fruta. A polícia chegou logo após o assalto, mas ainda não conseguiu nenhuma pista dos assaltantes.
Os policiais ainda estavam na fazenda quando chegaram cerca de cem famílias do MST.
- A partir do momento que a fazendo do latifundiário passa a se envolver com tráfico de drogas, a propriedade é destinada a movimentos sociais - diz a representante do MST Naiane da Silva.
Os integrantes do movimento ameaçam invadir outras cinco propriedades do traficante no Vale do São Francisco. O grupo tem 2.200 empregados. Eles se preparavam para colher a safra de uva quando o patrão foi preso. Aguardam agora a decisão da Justiça para saber se continuarão trabalhando e quando vão receber salário.
A juíza da 5ª Vara da Justiça Federal, em São Paulo, se reunirá nesta segunda-feira com representantes da Confederação dos Trabalhadores da Agricultura e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Juazeiro. Ela vai nomear um interventor, que será o administrador das fazendas do traficante.