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A Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (Febem) teve um número de rebeliões e fugas muito maior do que o divulgado. Foram 41 rebeliões de janeiro a julho, mas a instituição dizia que eram apenas 14. O documento que comprova o problema foi obtido com exclusividade pela repórter Luísa Alcalde e publicado neste sábado, no jornal "Diário de S. Paulo". O documento oficial, que contém o timbre do órgão e a assinatura do responsável, mostra que as estatísticas dos problemas da Febem, como rebeliões, fugas, tumultos e motins, são bem maiores do que os revelados. Esse documento, com as estatíticas corretas, foi assinado pelo Superintendente de Segurança e Disciplina da Febem, Carlos Alberto Corade. Ele comanda a Sala de Situação, uma espécie de central de inteligência e informação da fundação, que recebe o primeiro chamado de diretores das unidades quando há algum conflito e decide se é preciso chamar reforça da Polícia Militar para conter o tumulto.

De acordo com os dados divulgados pela Febem à imprensa e referendados nesta sexta-feira pela presidente da instituição, entre janeiro e 9 de novembro deste ano teriam ocorrido duas mortes de adolescentes, 13 tentativas de fuga, 20 tentativas de fuga com 120 jovens foragidos e 46 recapturados, 11 tumultos e 14 rebeliões. Segundo a presidente da instituição, Berenice Giannella, esses números são obtidos pela assessoria de imprensa e pela presidência do órgão diretamente da Sala de Situação. Mas o documento obtigo pela reportagem mostra que a realidade é outra. Berenice confirmou apenas que houve denúncias de maus tratos na Unidade 27 da Raposo Tavares, que, anteriormente, eram negadas pelas instituições.

De janeiro a julho de 2006 em todo o estado teriam ocorrido duas mortes de adolescentes, 65 tentativas de fuga com 191 internos foragidos, 69 recuperados e 1.376 adolescentes que tentaram fugir, 37 tentativas de fuga, 67 tumultos e 41 rebeliões. A discrepância entre os números oficiais e os reais são ainda maiores, considerando-se que o período apresentado no documento refere-se apenas ao primeiro semestre.

Em nota oficial divulgada pela assessoria de imprensa do órgão e divulgada pelo "Diário de S. Paulo", "a Febem confirma e mantém os números repassados hoje em entrevista pela presidente Berenice Giannella. Os números obtidos posteriormente pela repórter e enviados à Febem por e-mail não são reconhecidos como verdadeiros pela Fundação".

O documento extra-oficial ainda mostra que, no primeiro semestre do ano, 144 agressões ocorreram dentro da fundação com 72 funcionários feridos e 215 internos machucados. A autoflagelação de adolescentes soma 10 casos, há um episódio de atentado violento ao pudor e três tentativas de suicídio. Os erros na divulgação de dados da Febem foram confirmados pelo ex-ouvidor da instituição .

Durante as revistas feitas nas unidades teriam sido recolhidas em poder dos jovens 1.601 naifas (facas artesanais feitas de pedaços de ferro) e barras de ferro, 92 celulares foram apreendidos, 45 carregadores de celular, 32 "terezas" (cordas feitas de pedaços de lençol usadas nas fugas), além de terem sido apreendidas seis porções de entorpecentes. O levantamento interno da Sala de Situação mostra também que no mesmo período ocorreram 210 revistas por funcionários nas unidades de todo o estado. Outras 136 foram comandadas pelo "Grupo de Apoio" da Febem, conhecido como "choquinho", além de 37 revistas feitas sob o comando da Tropa de Choque da Polícia Militar.

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