Subornos
Fornecedores da Petrobras teriam pago R$ 35 mi a Youssef
Nove fornecedores da Petrobras teriam depositado R$ 34,7 milhões na conta de uma empresa de fachada controlada pelo doleiro Alberto Youssef, segundo laudo da Polícia Federal. Conforme reportagem do jornal Folha de S. Paulo, a confissão de que a empresa não tem atividade de fato foi feita por um empregado do doleiro, Waldomiro de Oliveira, em nome de quem a MO Consultoria está registrada na Junta Comercial de São Paulo. A polícia suspeita que a MO servia para repassar propina para funcionários públicos e políticos. Outro laudo aponta que passaram pela empresa um total de R$ 90 milhões entre 2009 e 2013.
Os contratos da suposta consultoria eram uma forma de as empresas darem uma aparência legal a subornos, segundo a PF. Há notas fiscais das consultorias, mas não há provas de que o serviço foi prestado, de acordo com a polícia. Grandes grupos que pagaram à MO atuam nas obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, suspeita de ter sido superfaturada. Os maiores pagamentos à consultoria foram feitos por duas empresas do grupo Sanko, fornecedor de tubos para empresas contratadas pela Petrobras: R$ 26 milhões.
A obra da refinaria começou em 2005, durante o governo Lula, com a estimativa de que custaria US$ 2,5 bilhões (R$ 5,6 bilhões), mas a conta já chegou a US$ 17 bilhões (R$ 38 bilhões).
Em seu depoimento, Waldomiro Oliveira disse que sua função no escritório do doleiro era "fazer contratos com empresas indicadas por Alberto Youssef e, em seguida, receber depósitos, que seriam posteriormente transferidos para empresas também indicadas por Alberto Youssef".
Ligações perigosas no caso Petrobras
Desdobramentos da compra da refinaria de Pasadena (EUA) levam a PF a investigar uma série de relações suspeitas entre políticos, ex-diretor da estatal e doleiro
Mensagens de texto interceptadas pela Polícia Federal dentro das investigações em torno da Operação Lava Jato devem complicar ainda mais a situação do deputado federal André Vargas (PT). Em conversas com o petista, o doleiro Alberto Youssef, preso em Curitiba, fala que está trabalhando para fazer a "independência financeira" dos dois. Em outro trecho, ele afirma que está "no limite" e precisa "captar". "Vou atuar", responde Vargas. Novas revelações apontam ainda que o patrimônio do parlamentar cresceu 50 vezes desde que ele entrou na vida pública.
A ligação entre Vargas e Youssef, de quem o petista diz ser amigo há duas décadas, começou a ser exposta no início da semana com a divulgação de que o petista viajou de férias com a família para a Paraíba em um jatinho arranjado pelo doleiro. Os dois também trataram de interesses da empresa química Labogen, ligada a Youssef, que teria sido usada para fazer remessas de US$ 37 milhões ao exterior, de acordo com a PF.
Nas conversas, eles fazem menção a contatos com o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha. Por meio de "contatos políticos" como o de Vargas, segundo depoimento à Polícia Federal de um dos sócios da empresa, o doleiro conseguiu financiamento de R$ 31 milhões da pasta o acordo foi cancelado na última quinta-feira. Para isso, a Lagoben teria se associado à EMS, laboratório com o maior faturamento no país, de R$ 5,8 bilhões em 2012. A suspeita da PF é que a Labogen, cuja folha de pagamento é de apenas R$ 28 mil, foi usada apenas para pagar propina a servidores públicos, por causa da diferença de porte entre as empresas.
"Estamos mais fortes agora. Vi documento com o Pedro [Argese, sócio da Lagoben]. Ele estava no voo de volta de Brasília. Ele estava com o documento da parceria com a SEM", escreveu Vargas para Youssef, em setembro do ano passado via celular. "Cara, estou trabalhando. Fique tranquilo. Acredite em mim. Você vai ver quanto isso vai valer. Tua independência financeira e nossa também, é claro!", foi a resposta. Na sequência, o doleiro diz que está "enforcado" e precisa da ajuda do petista "para captar". Vargas garante que "vai atuar".
Patrimônio
Além das relações suspeitas de Vargas com Youssef, reportagem publicada ontem pelo jornal O Globo mostra que, apenas nos dez anos que separam a primeira eleição, como vereador de Londrina, em 2000, para a última disputa para a Câmara, em 2010, o patrimônio do parlamentar cresceu 50 vezes. Até entrar na política, ele tinha um Monza 1993, avaliado em R$ 9 mil, e a sociedade em três pequenas empresas, cujas cotas somavam R$ 2,1 mil.
A partir de 2006, no entanto, o petista comprou um terreno de 121 mil metros quadrados em Ibiporã por R$ 100 mil, além de outra casa e um lote em Londrina por R$ 21,5 mil. Os tempos de Monza foram esquecidos e o deputado chegou às eleições de 2010 como proprietário de três caminhonetes: Toyota Hilux, GM Tracker e Hyundai Vera Cruz. Na mesma época, tornou-se dono de duas empresas, com capital social de R$ 23,5 mil. De acordo com sua declaração, Vargas guardava R$ 56,2 mil na Caixa. O patrimônio total declarado na eleição passada foi de R$ 572 mil. Em nota, Vargas afirmou que a evolução patrimonial dele "é totalmente compatível com minha renda ao longo desses dez anos".
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