O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general Jorge Armando Félix, confirmou nesta terça-feira (2), em seu depoimento à CPI dos Grampos, na Câmara dos Deputados, que o Exército e a Associação Brasileira de Inteligência (Abin) compraram em Washington (Estados Unidos) um equipamento para fazer varreduras destinadas a detectar interceptações de conversas. Na reunião de Coordenação Política realizada na segunda-feira no Palácio do Planalto, da qual participaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Félix e o ministro da Defesa, Nelson Jobim, este levantou a hipótese de que o aparelho poderia ser utilizado também para fazer gravações clandestinas de conversações.
Uma pergunta sobre a hipótese apresentada por Jobim foi feita a Félix pelo deputado Raul Jungmann (PPS-PE), na CPI. O parlamentar disse também que Jobim teria apresentado, na reunião de segunda, o documento de compra do aparelho. Félix, confirmando que Jobim apresentou o documento de compra e que falou da possibilidade de uso do equipamento para realização de "grampos" informou que, no momento, está sendo feita uma perícia para saber se o aparelho tem realmente essa capacidade adicional.
O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional informou também que, para esclarecer o assunto, pediu que o Exército lhe cedesse três técnicos e mandou fazerem um levantamento das características do equipamento e elaborarem um laudo confirmando ou não, se o aparelho, ao ser acoplado a outros, consegue realizar gravações. Félix relatou que deu a seguinte ordem: "Não quero que apenas leiam o manual, mas que testem o equipamento para saber se tem capacidade (de fazer grampo)". O general se comprometeu a encaminhar o laudo à CPI e disse que a aquisição do aparelho foi feita com verba ostensiva do Orçamento.
A observação de Jungmann sobre a atitude adotada por Jobim na reunião desta terça foi uma tentativa de apontar uma contradição no depoimento do general. Durante toda o dia, Félix repetiu à CPI que a Abin não faz escutas telefônicas e que é muito baixa a possibilidade de ter havido participação de agentes da Agência na gravação de conversa telefônica do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, com o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).
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