O lobista Fernando Soares,o Fernando Baiano, está em Brasília nesta terça-feira (26) para prestar depoimento ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. A oitiva começa às 14 horas e tem como objetivo confirmar a existência de contas no exterior controladas pelo presidente da Casa Eduardo Cunha (PMDB), que responde a um processo de cassação por quebra de decoro parlamentar ao mentir aos colegas na CPI da Petrobras negando a existência das contas.
O custeio da viagem de Soares – que está cumprindo prisão domiciliar no Rio de Janeiro – para depor no Conselho de Ética foi confirmado somente nesta segunda-feira (25) pela mesa diretora da Câmara dos Deputados. O presidente do Conselho, deputado José Carlos Araújo (PR), chegou a cogitar pagar a passagem do próprio bolso.
Delator de Cunha nas investigações da Operação Lava Jato, Soares cumpre prisão domiciliar desde meados de novembro passado e está em Brasília acompanhado do advogado. Soares é apontado pelos investigadores como operador do PMDB no esquema de corrupção na Petrobras e afirmou em juízo ter repassado US$ 5 milhões a Cunha, que seria propina de contratos da Diretoria Internacional da estatal.
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Em seus depoimentos, ele citou o presidente da Câmara como beneficiário do esquema de propina na estatal e revelou encontros na casa de Cunha para cobrar propina atrasada.
O lobista foi preso em dezembro de 2014 e condenado pelo juiz Sérgio Moro a 16 anos, um mês e dez dias de reclusão, por corrupção e lavagem de dinheiro. Segundo a sentença, o operador teria intermediado propina de US$ 15 milhões sobre contratos de navios-sonda. Os valores teriam sido repassados à diretoria da Área Internacional da Petrobras, ocupada na época por Nestor Cerveró – também preso e condenado na Lava Jato.
A expectativa é que a defesa de Cunha tente desqualificar o lobista. Os advogados do presidente da Câmara devem questionar o testemunho de Soares com base na decisão do vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão, que restringiu o caso analisado ao fato de Cunha ter mentido na CPI da Petrobras sobre contas no exterior. Os supostos pagamentos de propina a Cunha teriam ocorrido no Brasil e não em contas no exterior.
Denúncia
Na Câmara, Cunha é alvo de representação do PSOL e da Rede por ter supostamente mentido à CPI da Petrobras. Em depoimento voluntário no ano passado, o peemedebista negou que tivesse contas ocultas no exterior. O Banco Central e a Procuradoria-Geral da República (PGR) afirmam que o deputado tinha contas não declaradas fora do País. A expectativa dos conselheiros nesta terça é que Baiano confirme que os valores encontrados na Suíça eram fruto do esquema de corrupção na Petrobras, o que reforçaria o pedido de cassação do mandato parlamentar de Cunha.