O lobista Fernando Soares vai permanecer em silêncio na audiência desta quarta-feira (13) na Justiça Federal em Curitiba referente ao processo que aponta irregularidades na compra de navios sonda da empresa coreana Samsung. O interrogatório de quatro réus do processo foi designado pelo juiz federal Sérgio Moro. Serão ouvidos hoje, além de Soares, o doleiro Alberto Youssef, o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró e o empresário Júlio Camargo.
Mais cedo, a defesa de Soares protocolou uma petição no processo pedindo que a audiência fosse cancelada. Os advogados alegam cerceamento de defesa por parte do juiz, já que o interrogatório foi marcado sem que todas as provas defensivas tenham sido aceitas.
“A prova a ser colhida não há de ser tida como ‘manobra procrastinatória da defesa’ como usual e maldosamente se diz alhures, sem maior reflexão ou respeito ou reverência ao direito de ampla defesa”, diz um trecho do documento. A prova em questão é a intimação de testemunhas de outro país, que segundo a defesa do lobista assinaram os contratos de compra das sondas e participaram das negociações.
“Assim, violentamente impedido o acusado de ver o término da instrução processual e defender-se à luz de todos os elementos de prova colhidos na ação penal, alternativa não há senão o silêncio”, justifica a defesa.
Outro motivo de reclamação de Soares é que as delações premiadas de todos os colaboradores não foram juntadas na íntegra ao processo.
Entre os réus que devem ser ouvidos hoje, Youssef e Camargo são os únicos que não podem optar pelo silêncio, já que firmaram acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF).
De acordo com o MPF, a empresa coreana Samsung procurou o empresário Júlio Camargo para auxiliar no fechamento de dois contratos de aquisição de navios sonda pela Petrobras - um na África e outro no Golfo do México. A empresa coreana teria pago uma comissão de R$ 53 milhões a Camargo pelos contratos, que repassou parte do dinheiro para empresas do lobista Fernando Soares e do ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró no exterior.
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