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O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso confirmou em entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura, as declarações dadas à revista "IstoÉ", em que afirmou que "a ética do PT é roubar".

Fernando Henrique disse que o caixa dois tem origem privada, mas no caso do valerioduto houve um fluxo de dinheiro muito grande, com recursos de várias origens, inclusive do governo, mas que o desvio se justificaria por ser para uma causa coletiva.

- É a ética que justifica o procedimento. A ética é essa. Quem fez isso ofendeu a nós, ao povo brasileiro. Eu disse o rei está nu, todo mundo sabe disso. Eu acho estranho tanta sensibilidade porque eu disse o que todos sabem. Foi muito forte, como patriota me indigno, porque é demais. O que aconteceu não foi uma fato isolado, a direção inteira de um partido caiu.

O ex-presidente ironizou o fato do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares ter assumido todas as culpas.

- Esse senhor Delúbio assumiu todas as culpas. Parece os processos de Moscou, nos anos 30, quando as pessoas acusadas de cometer crimes os confessavam, alegando que agiram em nome de uma revolução.

Fernando Henrique não quis afirmar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sabia da corrupção.

- O esquema de corrupção é muito grande. Os fatos foram sendo descobertos dentro do partido, no mesmo esquema. O presidente tem que escolher: ou ele é muito ingênuo para não saber, e portanto não está preparado para ser presidente, ou ele sabia, o que é pior ainda.

Apesar das críticas à corrupção, Fernando Henrique disse que não defende o impeachment de Lula. Para ele, haveria um prejuízo institucional.

- A eleição de Lula fez parte da construção da democracia. Impeachment é bomba atômica - disse, explicando que o processo de destituição de um presidente prejudicaria a democracia do país.

Ele descartou novamente ser candidato na próxima eleição:

- Um país precisa de renovação. Sou favorável à reeleição, não à eternização.

Os jornalistas perguntaram ao ex-presidente sobre que candidato ele prefere que dispute as eleições presidenciais pelo PSDB em outubro, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ou o prefeito da capital paulista, José Serra. Fernando Henrique negou ter preferências.

- Não vou fazer o jogo do adversário. Para ganhar a eleição, nós precisamos de unidade. Meu partido dispõe de muitos quadros. O PSDB não é um partido de uma nota só. O PT é um partido de uma nota só, ou é Lula ou ninguém - afirmou.

Fernando Henrique disse que ambos têm uma vantagem sobre o presidente Lula na disputa eleitoral:

- O índice de rejeição dos dois é mínimo, enquanto que o de Lula é de cerca de 30% - disse.

No final da entrevista, Fernando Henrique tentou separar a questão do PT da do PSDB de Minas Gerais, em 1998, quando o então governador Eduardo Azeredo financiou parte de sua campanha com dinheiro ilegal do empresário Marcos Valério.

- O partido tem que deixar claro o que é caixa dois e o que é corrupção sistêmica fora de eleição. Azeredo deveria ter renunciado à presidência logo após as denúncias. Não está na hora de meias medidas. Tanto o presidente Lula e o Azeredo deveriam saber. Não estou condenando o Eduardo Azeredo, mas eles se beneficiaram. Não dá para esconder os fatos - afirmou.

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